Título: Economia reage e dá esperança de recuperação do PIB no 4.º trimestre
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. B1

O ritmo de atividade da indústria e do comércio começou a reagir este mês após a retração no terceiro trimestre, que se prolongou até outubro. Essa reação dá um certo alento à perspectiva de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todas as riquezas produzidas no País - no quarto trimestre deste ano. Hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o PIB do terceiro trimestre. De acordo com as projeções de consultorias privadas, o resultado poderá recuar até 0,5% ante o segundo trimestre, descontados os efeitos típicos dessa época do ano. Na melhor das hipóteses, a perspectiva é de estabilidade para o PIB no período, prevêem analistas.

Indústrias de bens duráveis, como de eletroeletrônicos, se surpreenderam na segunda quinzena deste mês com volumes de pedidos extras de grandes redes varejistas, que já começaram a sentir um aquecimento nas vendas. Segundo empresários do comércio, os negócios começaram a esquentar por causa do pagamento da primeira parcela do 13º salário que deve ser quitada até hoje. Outro fator é a retomada da confiança do consumidor.

"A confiança do consumidor é uma variável muito importante na hora de ir às compras e ela voltou a crescer após sete meses de queda", diz o economista da LCA Consultores, Bráulio Borges. Ele observa que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Federação do Comércio do Estado de São Paulo aumentou 8% de outubro para novembro, puxado principalmente pela confiança do consumidor no momento atual, que cresceu 15% no período.

A crise política que afetou a confiança no terceiro trimestre foi atenuada, observa Borges. Outro indicador antecedente positivo foi o crescimento de 25,9% no número de veículos emplacados na primeira quinzena deste mês ante igual período de 2004. O resultado projeta crescimento de 10%, com ajuste sazonal, nas vendas de veículos de outubro para novembro.

Guilherme Maia, economista da Tendências, destaca que a recuperação da atividade foi puxada pela crescimento da massa real de rendimentos, que deve fechar o ano com alta de 5%, pelo crescimento real do crédito às pessoas físicas (26%) e pelo recuo dos juros. "A confiança do consumidor superou a fase mais crítica e deve ampliar o ritmo de produção da indústria."

Borges lembra também que os estoques industriais, que tinham crescido no segundo trimestre, voltaram à normalidade no fim de setembro, de acordo com a Sondagem Industrial da Fundação Getúlio Vargas.

O quadro de enfraquecimento da produção industrial se prolongou até outubro, ressalta o economista-chefe da Sul América, Newton Rosa. Ele aponta o recuo nas vendas de papelão ondulado no mês passado. "A atividade deve retomar o ritmo nos dois últimos meses do ano."

Além da maior confiança do consumidor e dos empresários, Rosa argumenta que a economia deve receber um volume maior de recursos neste bimestre, com o afrouxamento do controle de gastos do governo.