Título: Vale torna-se a 4.ª maior do mundo em níquel
Autor: Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. B14

Depois de elevar em mais de 15% oferta feita há dois meses, a Companhia Vale do Rio Doce conseguiu comprar o controle da mineradora canadense Canico por cerca de US$ 750 milhões (876 milhões de dólares canadenses). O principal ativo da Canico é o projeto de níquel de Onça-Puma, que tem previsão de entrar em operação em 2008. A mina fica na região de Carajás, no Pará, a poucos quilômetros da mina de Vermelho, até ontem o único investimento em níquel da Vale. A mineradora brasileira adquiriu 93% das ações da canadense e já anunciou que vai fechar o capital da empresa. Tem até o dia 8 de dezembro para adquirir os 7% de ações restantes. "Vamos trabalhar para antecipar ao máximo o projeto (de produção)", disse ontem o presidente da Vale, Roger Agnelli. Com a compra da Canico, a mineradora brasileira entrará no mercado de níquel, a partir de 2008, já como a quarta empresa no ranking mundial. Isto porque a expectativa é de que a mina de Vermelho comece a operar só daqui a três anos. Para entrar neste segmento, a Vale planeja investir US$ 2,3 bilhões nos projetos de Onça-Puma e de Vermelho que, juntos, terão capacidade de produção de 96 mil toneladas por ano. O executivo anunciou que a Vale tem planos de expandir a capacidade produtiva da mina de Onça-Puma, atualmente de 60 mil toneladas. Agnelli não fala em números. Entretanto, lembra que a companhia já tem outros direitos de exploração de níquel em outras localidades próximas, como as minas de Lince, Jaguar e São João do Piauí, a última com previsão de divulgar o resultado dos estudos de viabilidade em 2006. "Isso pode agregar ao projeto Onça-Puma uma maior vida útil", avaliou. Agnelli observou ainda que esse orçamento pode ficar um pouco menor devido às sinergias entre os dois projetos. Por outro lado, observou que o aumento no preço das commodities e a valorização do real frente ao dólar já elevaram os custos dos dois investimentos em dólar de um patamar em torno de US$ 800 milhões para mais de US$ 1 bilhão. Já o diretor de Pesquisa Mineral da Vale, Eduardo Ledsham, lembrou que as duas minas são de "classe mundial", ou seja, têm previsão de 40 anos de utilização. "Estamos entrando pela porta da frente nesse negócio." MINÉRIO DE FERRO Agnelli disse que as negociações em torno do reajuste do preço do minério de ferro vão levar em conta o atual momento de mercado que, segundo ele, continua "bastante demandado". O executivo admitiu que os mercados siderúrgicos do Oriente e do Ocidente vivem realidades de crescimento diferentes. "É difícil separar um do outro. O mercado é um só, é global. Quem paga o preço que tem de ser pago leva o produto. Aquele que não paga, não leva", afirmou.