Título: Alencar apóia Fiesp em manifesto por mais crescimento
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2005, Nacional, p. A5

O vice-presidente José Alencar comprometeu-se ontem a levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um pacote de queixas do empresariado à política econômica. Resultado de um seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o "Manifesto pelo Desenvolvimento do Brasil" pede clareza ao governo, dá mais uma estocada no ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e cobra ações para estimular o "crescimento acelerado". "O vice-presidente não manda nada em matéria de economia, apenas pede com empenho", reforçou Alencar. Ele próprio é industrial e seu filho, Josué Gomes da Silva, preside o Iedi e ajudou a organizar o seminário, intitulado "Industrialização, Desindustrialização e Desenvolvimento".

"O declínio da posição relativa do Brasil no cenário mundial e a ampliação da distância que nos separa dos mais agressivos protagonistas na corrida para o desenvolvimento serão fatais e definitivas, se não nos mostrarmos capazes de reorientar nossa estratégia econômica em favor do crescimento acelerado", diz o documento, lido pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

"É falso o dilema entre estabilização e crescimento, mas a verdade é que os instrumentos para a promoção do crescimento transformam-se em um mero subproduto das políticas de estabilização", ataca o texto. O manifesto sugere, ainda, queda dos juros e da carga tributária, câmbio adequado às exportações, mais investimento e melhor condição de infra-estrutura.

Indagado sobre a rixa entre Palocci e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, Alencar não escondeu posição. "Dilma enxerga a economia real. Penso que temos de aplaudir a sua posição, pois faz parte da democracia", afirmou. Mas preferiu não avaliar Palocci: "Não sou a pessoa indicada para isso, porque sou amigo fraternal do Palocci. Ele acredita na política econômica e a intenção dele é a melhor possível."

Alencar aproveitou para repetir a sua tradicional crítica aos juros, atacou a carga tributária e o alto endividamento público, e arrematou dizendo que o câmbio praticado hoje é "burro", porque vai contra o desenvolvimento. "Temos de despertar."

O vice-presidente também disparou críticas ao governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "A política cambial dos quatro primeiros anos do governo FHC nos levou a uma condição muito difícil", ressaltou. E alfinetou: "O que aconteceu no governo anterior foi uma coisa muito séria."

O vice-presidente isentou Lula - a quem chamou de "democrata aberto ao diálogo" - das acusações de corrupção. "Não há nenhum homem brasileiro como o Lula. Mesmo com toda esta crise, nenhum arranhão o atingiu."