Título: PSDB não é fiador de Palocci, diz Tasso
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2005, Nacional, p. A5

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse ontem que seu partido não é "fiador nem garantidor" do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, "nem acha que é melhor" sua permanência no cargo, embora entenda que tem administrado com equilíbrio a economia. Tasso disse que os tucanos são oposição e quem acha melhor que o ministro fique é o governo. "Quem tem enfraquecido Palocci, e o que achamos ruim para o País, é o presidente da República, que fica jogando com o ministro para cima e para baixo. Ora enfraquece, ora fortalece, e isso é muito ruim", afirmou, depois de participar da abertura do 9º Seminário Internacional de Investimentos em Hotéis & Resorts, em São Paulo. "O que dizemos é que o ministro ainda é o restinho de governo que existe na administração Lula, porque o resto está paralisado. No meio da confusão em que o País está, totalmente paralisado, a economia está, pelo menos, em equilíbrio."

Apesar disso, Tasso criticou o índice de crescimento da economia, que considera ser medíocre, comparado a outros países. Ele disse temer que "no meio desta confusão", caso Palocci deixe o ministério, ocorra alguma coisa "meio amalucada, que tem sido a característica de algumas opiniões que têm saído do governo". "Não falo da ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil), mas dos que falam que 15% de inflação é razoável, que deve gastar e acabar com o superávit fiscal, esse tipo de coisa."

Por outro lado, ele avalia que não há alternativa a não ser manter a "ultraortodoxia" de Palocci. "O resultado da economia é medíocre, mas ela tem de ser ultraortodoxa mesmo, em função da debilidade política do governo e da falta de confiança em relação à política econômica. Para parecer ao mercado que não vai fraquejar, a política econômica tem de dar demonstrações constantes que é ortodoxa e aí retém o crescimento."

CANDIDATURA

Tasso aproveitou para reiterar que não proporá seu nome para disputar a Presidência no ano que vem. Em tom irônico e bem-humorado, ele desautorizou o ex-presidente Fernando Henrique a citá-lo como um potencial candidato tucano. "O Fernando Henrique gosta de complicar as coisas, mas eu não", declarou.

Ele acha que a definição do candidato do PSDB sairá até o fim de março e insistiu que o escolhido será "aquele que for o melhor candidato na época". São cotados os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Minas, Aécio Neves, e o prefeito de São Paulo, José Serra.