Título: PSDB define primeiro o candidato a presidente
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2005, Nacional, p. A11

Já está definido no PSDB paulista que a escolha do candidato do partido ao governo estadual paulista só será feita depois da escolha do candidato tucano à presidência. Os cinco pré-candidatos já lançados acham que a boa avaliação do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra, e a crescente ascensão tucana nas pesquisas nacionais são bons presságios para o candidato estadual. Como os dois pré-candidatos tucanos à presidência são paulistas, a disputa estadual estará umbilicalmente ligada à federal. Duas novidades atualmente eletrizam o partido. A primeira é que ganha força a antecipação para janeiro da escolha do candidato presidencial, inicialmente aprazada para março. Encorajado por sua melhora gradual nas pesquisas, Alckmin está postulando a antecipação porque, se escolhido, teria mais tempo para, ainda no governo, postar-se como candidato.

A segunda novidade é que o próprio governador recomendou a aliados que parem de especular com a inusitada candidatura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a governador. A razão é que o próprio FHC teria dito a Alckmin que, definitivamente, não seria candidato e que preferia ser o condutor, dentro do partido, das disputas federal e estadual.

Essa decisão abriu o leque e nivelou as possibilidades dos cinco candidatos tucanos pré-lançados - o deputado Alberto Goldman, líder da bancada na Câmara, o vereador paulistano José Aníbal, o ex-ministro Paulo Renato, o deputado licenciado Aloísio Nunes Ferreira e o secretário estadual da Habitação Emanuel Fernandes.

É pacífico no partido que a indicação do candidato estadual passará pelo partido inteiro, mas o escolhido não andará com as próprias pernas se não receber as bênçãos dos três grandes eleitores (Alckmin, Serra e FHC). Os cinco reconhecem que o PT será o adversário a ser derrotado. "Hoje seria fácil vencer, mas ainda temos um ano pela frente até as eleições", diz Goldman. "Com 11 anos de governo tucano, não há fadiga de material", opina Aníbal, prevendo que será difícil tirar a vitória do PSDB.

Como os dois principais concorrentes do PSDB à presidência são paulistas - assim como o candidato petista à reeleição, o presidente Lula - todos opinam que a eleição do governador será fortemente influenciada pela eleição presidencial e correrá em paralelo com ela.

Os pré-candidatos tucanos prevêem que o candidato estadual será fortemente "empurrado" pelas "grandes lideranças", todas elas com o prestígio em alta no eleitorado, e, principalmente, pelo candidato presidencial. E tudo isso ainda será turbinado por um caixa estadual que guarda R$ 9 bilhões para investimentos em 2006, dinheiro suficiente para transformar São Paulo num canteiro de obras.

A disputa interna, garantem os pré-candidatos, não terá tiroteio. "Será um processo maduro", diz Paulo Renato. "Sem estresse. O indicado vai precisar dos outros no dia seguinte", aconselha Aníbal. "Vai ser uma escolha civilizada, porque ela será mediada pelas grandes lideranças", observa Goldman.