Título: Para Meirelles, ajuste consolida estabilidade
Autor: Sérgio Gobetti e Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendeu ontem a proposta de um planejamento fiscal de longo prazo para consolidar a estabilidade econômica do País. Para ele, é importante que o Brasil demonstre o seu compromisso com o quadro fiscal e com a inflação baixa. "Isso vai fazer com que as taxas de juros caiam sistematicamente, e empresas e famílias possam planejar seu futuro com tranqüilidade", afirmou Meirelles, durante o Fórum de Direito Bancário, realizado em São Paulo. Ao discursar sobre o papel do BC no controle da inflação, Meirelles enfatizou que a consolidação do quadro de melhoria da economia não depende apenas da política monetária. Segundo ele, a política fiscal tem papel fundamental.

O presidente do BC fez um rápido histórico dos avanços da administração da política fiscal do País, citando a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a renegociação das dívidas de Estados e municípios com o governo central e a posterior adoção de metas de superávit primário com o compromisso de uma relação cadente entre a dívida pública e o PIB.

Meirelles afirmou que esse compromisso permitiu que a dívida caísse para patamares mais compatíveis com a capacidade de financiamento do País. "Isso tem tornado possível uma política monetária que traga a inflação para próximo da meta e juros mais baixos."

Ao falar para uma platéia basicamente de advogados, durante um fórum de direito bancário, Meirelles destacou o compromisso do atual governo com a estabilidade econômica. No passado, segundo ele, os brasileiros tinham "uma compulsão de reinventar a roda", discutindo opções criativas para a condução da economia em vez de se valer de experiências que deram certo em outros países. A adoção do sistema de metas inflacionárias, em 1994, foi, para o presidente do BC, um passo importante na busca de uma experiência internacional de sucesso.

Sobre o câmbio, Meirelles disse que as distorções devem ser corrigidas pelo mercado. "É preciso aperfeiçoar os mercados para que eles sejam flexíveis e possam absorver distorções da melhor forma possível." Ele descartou que o BC venha a intervir no mercado, dizendo que experiências no passado não foram bem-sucedidas.