Título: Um novo chanceler e uma ministra da Defesa
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2005, Economia & Negócios, p. B8

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, designou ontem Jorge Taiana para o posto de ministro das Relações Exteriores, em substituição a Rafael Bielsa, que deixou o cargo para ocupar uma vaga de deputado no Parlamento. Taiana era o vice-chanceler de Bielsa e terá uma dura tarefa pela frente, pois será o encarregado de pilotar as negociações internacionais do país com o Mercosul, com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), com a União Européia (UE) e com a Organização Mundial do Comércio (OMC).

No início deste ano, Taiana mostrou uma visceral posição contrária às aspirações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de candidatar o Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). De acordo com Taiana, essa candidatura criava "instabilidades" na região.

Até há poucos anos, Jorge Taiana era mais conhecido por ser o filho do médico pessoal do falecido presidente Juan Domingo Perón do que por seus próprios méritos. Sua designação, afirmam vários analistas do país, não implicará em guinadas significativas na política externa da Argentina.

No entanto, no âmbito diplomático, comenta-se com ironia, que pelo menos o Palácio San Martín - sede da diplomacia nativa - ficará livre das freqüentes gafes que Rafael Bielsa (como Taiana, mais conhecido por ser o neto de um famoso jurista do que por merecimento próprio) costumava cometer ao falar sobre política e comércio exterior.

DEFESA

Pela primeira vez na história da Argentina, uma mulher ocupará o Ministério da Defesa. A nova ministra nomeada pelo presidente Néstor Kirchner é Nilda Garré, uma figura histórica do flanco esquerdista do Partido Justicialista (peronista).

A designação de Nilda Garré chamou a atenção porque esta será a primeira vez que uma exilada política, com um passado de ampla militância de oposição aos regimes militares, vai se encarregar desse ministério.

Os analistas consideram que Garré, uma forte defensora dos direitos humanos, é a pessoa de "pulso" adequada para comandar o setor militar nos próximos tempos, quando serão realizados vários processos na Justiça envolvendo oficiais que participaram de torturas e assassinatos de civis durante a última ditadura (1976-83).

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Mais uma mudança ministerial: a irmã do presidente Kirchner, Alicia Kirchner, deixará o Ministério de Desenvolvimento para ocupar uma vaga no Senado pela província de Santa Cruz. Ela será substituída por Juan Carlos Nadalich, que até ontem comandava o PAMI, o sistema previdenciário argentino.