Título: Lista de saques derruba versão do PL
Autor: Diego Escosteguy, Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2005, Nacional, p. A9

Destilaria desativada e corretora foram beneficiadas; Costa Neto diz que dinheiro ajudou campanha de Lula em 2002

Levantamento do Estado revela que, entre os beneficiários de recursos do mensalão destinados ao PL, há um vendedor de aguardente, um ex-deputado, empresas de consultoria, uma imobiliária e até uma companhia aérea. Todos são sacadores de cheques das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza endereçados à corretora Guaranhuns, apontada como intermediária do dinheiro pago ao PL. A CPI dos Correios requisitou à Polícia Federal que investigue esses beneficiados. O rastreamento do Estado e a análise da CPI ajudam a derrubar a frágil versão do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) para o destino dos recursos. Segundo o presidente do PL, o dinheiro do valerioduto foi investido na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva - apesar de o dinheiro ter sido remetido ao partido apenas em 2003. Costa Neto não apresentou recibo dos gastos.

Dos beneficiários identificados até agora, o caso mais curioso é o da Destilaria de Álcool e Aguardente da Barra Ltda. A empresa, que segundo a Receita Federal está desativada, recebeu R$ 300 mil em abril de 2003. No papel, o proprietário da destilaria chama-se Nelson Batagim. Ele mora em Coronel Macedo, interior de São Paulo. A reportagem localizou por telefone sua mulher, Cecília Batagim. Segundo ela, a empresa foi desativada há anos e Batagim agora trabalha na oficina mecânica da prefeitura da cidade. Cecília, que mora num casebre, duvida que o marido tenha sacado a dinheirama. E acrescenta: "Ele já foi filiado a um partido, mas não lembro qual."

Outro beneficiário é a Stockolos Avendis Erste Banking Empreendimentos, corretora de Mogi das Cruzes, reduto eleitoral de Costa Neto. A empresa recebeu R$ 650 mil. O dono é Lúcio Funaro, que fundou a Guaranhuns. Ele não foi localizado.

Na lista também aparece o ex-deputado Adhemar de Barros Filho, que sacou R$ 166 mil e não foi localizado.

A Schahim Engenharia admitiu os saques, de R$ 300 mil, mas diz que os recursos vieram do pagamento de um sócio no exterior, feito por meio da Guaranhuns.