Título: Petistas sob suspeita lutam contra efeito dominó
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Nacional, p. A5

A cassação do mandato de José Dirceu (PT-SP) não reduziu o otimismo de outros deputados petistas acusados de receber recursos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Para o deputado João Paulo Cunha (SP), o resultado da votação de quarta-feira não vai gerar um efeito dominó. "O resultado do processo do deputado José Dirceu não tem nada a ver com outros casos. Tenho certeza que os parlamentares vão analisar cada caso isoladamente, porque cada situação é diferente da outra", diz o ex-presidente da Câmara, que recebeu R$ 50 mil das contas de Valério, supostamente para cobrir dívidas de campanha eleitoral, sem declaração oficial. Ele destaca que a Câmara já demonstrou saber analisar distintamente cada processo. João Paulo cita que o deputado Sandro Mabel (GO), líder do PL na Câmara, acabou sendo absolvido pelo plenário da Casa.

João Paulo acredita que, depois da cassação de Dirceu, a Câmara ainda deverá concluir em 2005 o processo de pelo menos mais dois deputados. "Acho que o meu caso será votado ainda esse ano." Além de Dirceu, outro petista que já teve sua situação resolvida foi Paulo Rocha (PA), que renunciou ao mandato para escapar do processo.

Apesar da avaliação do ex-presidente da Câmara, integrantes da oposição acham difícil a situação política dos outros petistas alvos de processo no Conselho de Ética: além de João Paulo, José Mentor (SP), Professor Luizinho (SP), João Magno (MG) e Josias Gomes da Silva(BA).

Mentor é investigado por receber R$ 120 mil, por intermédio de seu escritório de advocacia, da empresa 2S Participações, de Valério. Luizinho é acusado de receber R$ 20 mil através de um saque feito por um assessor. João Magno, que depôs ontem no Conselho de Ética, recebeu R$ 350 mil. Já Josias Gomes fez saques de R$ 100 mil.