Título: CPI desiste de relatório parcial
Autor: Diego Escosteguy e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Nacional, p. A14

Para evitar o agravamento da crise política criada entre governistas e oposicionistas por causa de pareceres elaborados pelas sub-relatorias, a CPI dos Correios enterrou definitivamente ontem a idéia de elaborar e votar sub- relatórios por temas. Um relatório parcial com informações das sub-relatorias de contratos, a cargo do deputado petista José Eduardo Cardozo (SP), e de movimentações financeiras, que cabe ao tucano Gustavo Fruet (PR), será apresentado pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). A votação do relatório de Fruet, que seria ontem, foi cancelada.

A CPI se esforça para evitar fracassos como o da CPI do Mensalão, que terminou sem relatório, e o da CPI da Terra, que teve dois relatórios, um oficial e um paralelo, com versões opostas. A relação inclui a CPI do Banestado, em que houve um relatório do PT e outro do PSDB.

"É impossível pedir aos parlamentares que sejam magistrados. Não somos, somos engajados. Mas devemos evitar atritos maiores. Tenho a sensação que esta CPI está cansando a todos", disse o senador Jefferson Péres (PDT-AM).

Acima das desavenças entre Cardozo e Fruet, Serraglio disse que "votar ou não votar (relatórios por temas) não interfere em nada no destino da CPI". Caberá a ele a decisão sobre inclusão de políticos que receberam recursos de caixa 2 do empresário Marcos Valério de Souza. Um dos motivos da discórdia foi que Fruet não incluiu em seu relatório parcial o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que teve recursos de Valério em 1998. Os petistas cobraram a inclusão do nome do senador em resposta à conclusão de Fruet de que os empréstimos de R$ 55 milhões do Banco Rural e do BMG a Valério foram "uma farsa".

Os petistas elaboraram um relatório paralelo, com críticas a Fruet. Serraglio deverá fazer uma combinação dos dois relatórios. Fruet concordou com o fim da votação dos textos parciais: "A única função dos sub-relatórios é compartilhar as informações com os outros integrantes da CPI, não tem sentido eles serem votados."