Título: Contratos de prestação de serviço serão investigados
Autor: Diego Escosteguy e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Nacional, p. A14

A CPI dos Correios não investiga só as operações financeiras dos fundos de pensão de estatais. O balanço que o sub-relator Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) apresentará terça-feira inclui um item apelidado de "curiosidades", que mostra vários contratos de prestação de serviços firmados pelos fundos. Esses contratos vão de dedetização a consultorias, e foram firmados em condições consideradas suspeitas. Agora a CPI quer investigar o financiamento privado ao suposto esquema de Marcos Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagar parlamentares aliados do governo. Há suspeita no mercado financeiro de que fundos fizeram aplicações arriscadas, usando corretoras que teriam recebido comissões milionárias e repassado parte delas a Valério.

Segundo ACM Neto, o maior prejuízo dos fundos foi com mercado futuro e títulos públicos. "Vai ficar provado que teve armação, mas é preciso ver os nomes dos envolvidos e os valores do prejuízo." Ele disse que a quebra de sigilo das corretoras permitirá descobrir para onde foi o dinheiro recebido por elas.

Ontem a CPI aprovou, pela segunda vez, a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de 14 fundos de pensão e 10 corretoras, empresas e pessoas físicas que operam no mercado financeiro. Da primeira vez, o fundo da Companhia de Águas e Esgoto do Rio e cinco corretoras conseguiram no Supremo Tribunal Federal liminares que suspendem a quebra de sigilo.

A nova quebra de sigilo provocou bate-boca entre ACM Neto e os petistas Jorge Bittar (RJ) e Maurício Rands (PE). Rands chamou ACM Neto de "menino contrariado" e ele rebateu: "Me respeite!"