Título: Comparado com outros países, avanço desaparece
Autor: Robson Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Vida&, p. A20

Os ganhos obtidos pelo Brasil no campo social - aumento na expectativa de vida e declínio nas taxas de mortalidade infantil - desaparecem quando inseridos no cenário mundial. Entre os 192 países analisados pela ONU, o Brasil ocupa a 82ª posição no ranking de expectativa de vida (o Japão lidera com média próxima aos 82 anos) e o 99º lugar entre os países com as mais baixas taxas de mortalidade infantil. A liderança é da Islândia, com 3,2 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos - no Brasil, são 26,6 mortes. Entre 2000 e 2004, o Brasil subiu sete posições no ranking de expectativa de vida e deixou a 100ª colocação com relação à mortalidade infantil. Na América Latina e na América Central, a situação brasileira é desconfortável. Costa Rica, Chile, Cuba, Barbados, Venezuela e Colômbia são alguns países onde a esperança de vida ao nascer é maior que a do Brasil. Abaixo, Paraguai, El Salvador, Jamaica, Trinidad e Tobago, República Dominicana, Bolívia e Haiti, além de alguns poucos outros países. Com relação à mortalidade infantil, o Brasil ganha de Honduras, Peru e República Dominicana, mas fica atrás de Guadalupe, Suriname, Chile, Uruguai, Argentina, Venezuela, Equador e Colômbia.

No total, cerca de 5 bilhões de pessoas no mundo têm taxa de expectativa de vida menor. Em compensação, só 27% da população mundial têm índices de mortalidade infantil mais baixos.

Dentro do País também há disparidades entre os Estados. No ranking da ONU, o Distrito Federal, por exemplo, estaria na 54ª colocação em estimativa de vida, 28 posições acima da ocupada pelo Brasil. Já Alagoas ficaria no 124º lugar.

Importante também são as causas de morte de crianças. O óbito nos demais países acontece por fatores endógenos, como complicações do parto, malformação fetal ou hereditariedade. No País ele está associado a diarréias, doenças infecto-contagiosas, desnutrição e desidratação.