Título: Construção abriu mais 118 mil vagas
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/11/2005, Economia & Negócios, p. B3

Número se refere ao saldo das contratações com carteira assinada entre janeiro e outubro, segundo o Caged

A retomada dos negócios no mercado imobiliário puxou o crescimento do número de empregos na construção civil. De janeiro a outubro, o saldo entre contratações e demissões nas construtoras está positivo em 118.906 novas vagas em todo o País, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que contabiliza apenas empregos com carteira assinada. No mesmo período do ano passado, o saldo também foi positivo, porém menor: 99.809 contratações. Comparando o saldo dos dois períodos, o crescimento este ano chega a 19%. No mês passado, o saldo ficou positivo em 11.070 novos postos de trabalho, ante 1.299 em outubro de 2004. O setor emprega hoje no País cerca de 1,4 milhão de trabalhadores, segundo o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).

O carpinteiro Claudionor Vitor da Silva, de 36 anos, que esteve quatro meses desempregado, aproveitou o bom momento do setor e foi contratado no início do mês pela Tenda Construtora. Casado e pai de dois filhos, Claudionor trocou os "bicos" que fazia na rua por um salário fixo de R$ 686 por mês, além dos outros benefícios a que tem direito por estar registrado em carteira.

"Estou me sentindo ótimo, foi tudo o que pedi a Deus neste fim de ano", diz o carpinteiro, que pretende usar o primeiro salário para quitar dívidas.

Especializada em imóveis para o público de baixa renda, localizados em bairros da periferia de São Paulo, cujos preços variam de R$ 45 mil a 60 mil, a Tenda deve fechar o ano com 5 mil apartamentos vendidos em São Paulo, o melhor resultado nos seis anos em que atua na capital. No ano passado, foram vendidas 3,5 mil unidades.

Só neste mês, a Tenda deve vender 500 apartamentos de dois e três dormitórios. Se essa previsão se confirmar, será o melhor resultado mensal do ano. "Nosso mercado está muito, muito, muito aquecido", diz Henrique Alves Pinto, presidente da construtora.

O bom momento do mercado e a competição tem levado algumas construtoras a buscar modelos de capitalização mais sofisticados, como abertura de capital e emissão de títulos.

A Company , uma das cinco maiores construtoras do País, acaba de anunciar sua adesão ao Novo Mercado da Bolsa Valores de São Paulo (Bovespa). O objetivo é negociar uma futura abertura de capital. Para a empresa, a pulverização do seu capital e o acesso a novos investidores permitirá o crescimento sem dívidas onerosas. A empresa espera captar R$ 200 milhões.