Título: Bingos: dia difícil para Lula
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Nacional, p. A7

A CPI dos Bingos ouvirá hoje o depoimento de uma testemunha capaz de criar uma situação delicada para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a secretária especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo, Mara Gabrilli. Convidada a depor, depois que seu nome foi mencionado em depoimento de sua irmã, Rosângela Gabrilli, ela será perguntada sobre a conversa em que pediu ao presidente Lula, em 2003, que decretasse intervenção em Santo André para acabar com o esquema de corrupção ali montado pela Prefeitura do PT. Mara, que é tetraplégica, estacionou sua cadeira de rodas diante do prédio onde mora o presidente, em São Bernardo do Campos - no dia 23 de março de 2003 - , dizendo que só sairia dali após ser atendida por Lula. O presidente e a primeira-dama, Marisa Letícia, a receberam durante 40 minutos. "Fui pedir uma intervenção em Santo André. Contei como era o esquema, quem cobrava propina e como a prefeitura tirou a licença da empresa de minha família para operar algumas linhas, em represália ao fato de meu pai não pagar a propina".

CONVERSA

Lula disse, segundo ela, que iria averiguar a denúncia - mas não deu mais notícias. Mara revelou, ainda, que um assessor do presidente, que presenciou o encontro, pediu que não revelasse o teor da conversa aos jornalistas que aguardavam o presidente.

Em janeiro de 2002, cinco dias após o assassinato do prefeito Celso Daniel, Rosângela Gabrilli denunciou o esquema ao Ministério Público, dizendo que ela e outros empresários eram obrigados a pagar um mensalão para abastecer o caixa 2 do PT. Segundo ela, o Expresso Guarará, de sua família, pagava R$40 mil por mês para manter as linhas em operação.