Título: PFL terá candidato, diz Bornhausen
Autor: Thiago Velloso e Luciano Coelho
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Nacional, p. A9

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou ontem que o partido mantém sua decisão de lançar candidato à Presidência e ele será o prefeito do Rio, César Maia. "O PFL terá candidatura própria e ele é o escolhido." O senador explicou que Maia terá até março para confirmar se vai disputar a eleição. "Se ele desistir, teremos outro candidato." No domingo, Maia anunciou a intenção de fazer aliança com o PSDB e disse que desistiria de sua candidatura em favor do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB). Ontem, Bornhausen afirmou que essas declarações eram uma "posição pessoal" do prefeito do Rio, que não reflete a decisão do partido. "Como a decisão foi tomada pelo Diretório Nacional, ele manteve sua candidatura", ironizou. O senador não quis nem comentar a possibilidade de apoio ao PSDB, mesmo no segundo turno. "Isso não pode ser discutido, pois a decisão (de ter candidato) já foi tomada", insistiu.

Ele e os demais integrantes da cúpula do PFL estiveram ontem em Teresina para participar do fórum "Receitas Municipais e o Debate Político Nacional", do Instituto Tancredo Neves. O encontro foi mais político do que técnico e os principais assuntos foram as eleições e as críticas ao governo Lula.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, filho do prefeito, disse que o partido não pode viver a reboque do PSDB. "Ser vice é bom, mas ser cabeça-de-chapa é melhor. O PSDB é aliado, mas queremos um pefelista no poder. O PFL tem de ousar e ter coragem de lançar candidato próprio e candidato em todos os Estados", declarou. "Não adianta pré-aceitarmos qualquer aliança. As alianças são bem-vindas e não teremos problemas em fazê-las. Mas o partido tem de ter candidato."

O deputado não vê problema se Maia desistir da disputa. "Temos quadros para substituí-lo. Quadros não faltam para a disputa." Foram citados na reunião os senadores José Agripino Maia (RN), Marco Maciel (PE) e o próprio Bornhausen.

Agripino disse que Maia será excelente candidato. "Nós vamos resistir. O PFL tem interesse em buscar candidatura própria e também de buscar alianças", frisou. No fórum, os pefelistas não pouparam críticas ao governo. Bornhausen disse que o partido vai continuar na oposição. "Este presidente sem autoridade permite a corrupção. Ele sabia de tudo e não tem justificação para aceitar o que aconteceu no Brasil", acusou. "Estamos resistindo, porque fazemos parte da democracia, precisamos encontrar uma alternativa de eficiência e competência para mudar este governo."

Maia, falando como candidato, disse que as denúncias são graves. "Isso é corrupção. É roubo. Porque esta corrupção é feita com recursos públicos e o buraco do desvio é grande." Ele disse que o PFL faz oposição, mas é uma oposição responsável. "No entanto, já caiu Luiz Gushiken, caiu José Dirceu e deve cair Antonio Palocci. O próximo deve ser Lula. Ele disse que não sabia de nada. Mas sabia sim. Não defendemos impeachment. Nós queremos agir com responsabilidade. Tudo vai acontecer naturalmente."