Título: MEC dá mais R$ 150 mi para encerrar greve
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Vida&, p. A15

O Ministério da Educação aumentou em R$ 150 milhões a proposta feita aos professores das universidades federais, boa parte deles ainda em greve. O governo federal promete desde meados de novembro enviar ao Congresso o projeto de lei com a proposta e garante que nesta semana o fará. Mesmo assim, os professores continuam sem dar sinais de que voltarão às aulas. A nova proposta do MEC chega a R$ 650 milhões. Os novos recursos serão usados para antecipar o aumento no adicional por titulação - pago aos professores com especialização, mestrado e doutorado - de maio de 2006, como seria originalmente, para janeiro. "Atrasamos o envio da proposta em uma semana porque estávamos negociando esse novo valor", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.

O adiantamento desse reajuste é a única mudança feita no projeto que foi apresentado aos professores há três semanas. O MEC propõe um reajuste médio de 9,45%, centrado no aumento dos adicionais por titulação e na correção dos valores da Gratificação de Estímulo à Docência (GED), além de um aumento da GED aos aposentados, para melhorar a equiparação entre ativos e inativos.

O Andes, principal sindicato da categoria, exige um reajuste linear de 18% no salário-base e a incorporação das gratificações, com a equiparação entre ativos e inativos. "O que o MEC está oferecendo é melhor do que o Andes está pedindo", disse Robson Mattos, vice-presidente do Pro-Ifes, o sindicato dissidente dos professores que aceitou a proposta do MEC.

"Nós não sabemos o que diz essa proposta. Para nós é a mesma que foi entregue antes, porque a titulação já seria a partir de janeiro. Não sabemos o que estão fazendo com esses R$ 150 milhões", disse Paulo Rizzo, vice-presidente do Andes. O sindicato, que hoje tem cerca de 30 instituições federais em greve, diz que a proposta já não foi aceita.

O ministro cobrou dos reitores a suspensão do ponto dos grevistas. Haddad afirmou que existe um decreto que exige que os superiores imediatos informem os funcionários que não estão trabalhando. Em três meses de greve, nenhum professor deixou de receber. "Não estão cumprindo", disse Haddad. Nesse caso, os superiores imediatos são os reitores.

A Andifes, associação nacional que reúne os reitores, não quis comentar a cobrança. Há duas semanas, ela divulgou uma nota pedindo aos professores que voltassem ao trabalho. Ontem, Haddad disse que cerca de 200 mil alunos das federais estão sem aula.