Título: Senador diz que derrotados mão ajudam depois
Autor: Ana Paula Scinocca Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2005, Nacional, p. A4

'Calem a boca e não trabalhem para adversários', diz líder do governo no Senado

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, fez um discurso inflamado ontem, na 16ª edição do encontro estadual do PT. Com a certeza de que é o preferido do Planalto - na briga com Marta Suplicy - para representar o partido na disputa pelo governo de São Paulo, ele cobrou unidade partidária. Usou o mesmo argumento que o presidente Lula vem adotando: de que uma prévia poderia fragilizar ainda mais a legenda. E cobrou dos demais integrantes do partido o fim do fogo amigo. "Aquele tipo de cupim que fica dentro do diretório (nacional, instância máxima do PT), intrigando, lançando veneno. Calem a boca e não trabalhem para os adversários."

Mercadante, que ontem foi mais aplaudido do que Marta, disse que só abrirá mão de disputar a sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) se as pesquisas apontarem que seu nome não é o mais forte. Mas citou duas consultas feitas recentemente, nas quais, segundo ele, leva vantagem sobre a ex-prefeita.

O senador salientou, no discurso que fez de improviso no fim da manhã, que se for escolhido para representar o PT quer empenho de Marta. "Tive na campanha da Marta (para a Prefeitura) um empenho muito grande. Espero a mesma garra se eu for o candidato", afirmou ele, arrancando aplausos.

SUAR A CAMISA

Em seu discurso, Marta seguiu roteiro escrito e primeiro falou da crise que atingiu o partido e o governo. Ressaltou que PT está vivo pela vontade de suas bases, pela militância aguerrida. "Nossos adversários, queiram ou não, terão de agüentar essa raça durante muito tempo ainda."

A ex-prefeita advertiu que o PT "terá de suar a camisa" para reeleger Lula. E, ao falar disso, contou que esteve reunida com o presidente e "só ouviu dele palavras de estímulo, sem que isso signifique qualquer tomada de partido desta ou daquela candidatura". "Creio sem soberba ou menosprezo a outros eventuais candidatos pela primeira vez uma mulher poderá chegar ao Palácio dos Bandeirantes."

No encontro, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, mostrou-se descrente da possibilidade de acordo. "Vai haver esforço coletivo do tipo beba, mas com moderação", resumiu ele.