Título: Cenário reforça otimismo com Bolsa
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2005, Economia & Negócios, p. B16

Para especialistas, combinação de quadros interno e externo positivos deve manter tendência de valorização das ações em dezembro

A expectativa de valorização das ações ficou reforçada depois que o freio na economia apontado pelo encolhimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, em relação ao segundo, fortaleceu a aposta de que o Banco Central poderá acelerar o ritmo de redução do juro básico. "A queda da taxa de juro, sobretudo se for acelerada, favorece a bolsa, porque juro alto é o principal inimigo da economia e, portanto, da bolsa", avalia o analista de investimentos Eduardo Santalúcia. A perspectiva de corte em ritmo mais rápido dos juros a partir de janeiro, senão ainda neste mês, é mais um fator que adiciona otimismo à possível tendência de valorização das ações desenhada nos três primeiros pregões de dezembro, quando a Bolsa de São Paulo subiu 2,87%. O tesoureiro do Banif Investment Bank, Rodrigo Boulos, comenta que há muito otimismo na bolsa, alimentado principalmente pela forte entrada de investidores estrangeiros para a compra de ações. "A perspectiva para o mercado de ações está muito ligada ao risco país e ao otimismo com o País." Segundo ele, a queda do risco país - um indicador que mede o grau de risco que o País representa para o investidor estrangeiro e recuou ao menor nível desde 1997 semana passada -, por causa dos bons fundamentos econômicos, atrai o capital externo para a compra de ações e leva a reboque o investidor doméstico para a bolsa.

O diretor-financeiro do Banco Fibra, Cassio von Gal, diz que os bons fundamentos brasileiros - rigor fiscal, inflação sob controle, superávit comercial - seduz e estimula o investidor estrangeiro a aplicar recursos no País. "Se não houver mudança na política econômica, as ações brasileiras estão baratas", avalia. "A bolsa promete para este mês e é uma boa aposta para aplicação, principalmente se o investidor estrangeiro continuar olhando o Brasil como está olhando no momento."

Santalúcia comenta que a valorização da bolsa no ano até sexta-feira, de 25,33%, supera a variação do juro CDI, de 17,45%, mas há espaço para a continuidade de alta em dezembro. Segundo o analista, que prevê um recuo do juro básico de no mínimo 0,75 ponto porcentual na reunião do Copom do dia 14, a bolsa pode fechar o ano em torno de 33.500 a 34 mil pontos, o que daria uma valorização entre 2,10% e 3,60% até lá.

A analista de investimentos Kelly Trentin, da SLW Corretora de Valores, também aposta que a bolsa pode chegar a 33.500 pontos no fim do ano. Para ela, "a dissipação dos riscos políticos, a continuidade do ambiente externo positivo e os bons fundamentos econômicos internos contribuem para a valorização do Ibovespa".

PIBB DECOLA

Uma opção interessante de investimento em bolsa é a compra de cotas de PIBB- Papéis Índice Brasil Bovespa, lastreadas por ações que integram o IBrX (Índice Brasil 50), entre elas a da Petrobrás, com participação de 26% no índice, e Vale do Rio Doce, com 16%. Papéis de empresas siderúrgicas e de bancos, como Bradesco e Itaú, também têm acentuada representação na carteira do PIBB.

A segunda versão do PIBB, lançada em 19 de outubro, rendeu 15,99% até sexta-feira - a variação do Ibovespa no período foi de 5,56%. Quem não abraçou o PIBB no lançamento pode comprar o produto em banco, corretora ou pela internet (pelo sistema home broker), pelo valor da cota do dia, explica o sócio-diretor da Ágora Senior Corretora, Alan Gandelman. "Mas quem comprar o PIBB agora não tem direito à garantia de recompra depois de um ano pelo BNDES para aplicação de até R$ 50 mil." A vantagem desse tipo de aplicação, ainda assim, é que o investidor não precisa escolher uma carteira de ações, ele compra uma fatia da empresa quem tem ações no IBrX. "O investidor compra ações de uma diversidade de empresas e setores, uma cesta de ações representada por apenas uma ação, o PIBB."