Título: Exportações derrubam o risco Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2005, Economia & Negócios, p. B2

Os dados da balança comercial de novembro obrigaram as consultorias econômicas a revisarem, para cima, as estimativas do superávit de 2005, agora entre US$ 44 bilhões e US$ 44,5 bilhões. Apesar da valorização do real ante o dólar, o superávit comercial de 2005 foi decisivo para o saldo do balanço de pagamentos e para a queda do risco Brasil, que atingiu 325 pontos básicos na sexta-feira. Mais importante do que o valor das exportações, de US$ 10,79 bilhões, recorde para meses de novembro, foi a média por dia útil, de US$ 539,5 milhões. Esta é a melhor medida do vigor das vendas externas e superou a média de outubro (US$ 495,2 milhões) e a dos 11 meses de 2005 (US$ 469 milhões).

O superávit do mês - US$ 4,090 bilhões, terceiro maior da história - foi ajudado tanto pela expansão da economia internacional e preços elevados das commodities como pelo aumento dos preços do petróleo.

Mas, mesmo sem incluir petróleo e derivados, as exportações cresceram 8,1% em relação a outubro, descontados os efeitos sazonais. A média diária de vendas de manufaturados atingiu o recorde de US$ 295 milhões, destacando-se a gasolina, as máquinas e os aparelhos de terraplenagem, o fio-máquina, os tratores, os veículos de carga, os celulares, os óleos combustíveis, os laminados planos, os automóveis e as autopeças.

Também foi favorável o comportamento das exportações de produtos básicos, empurradas por soja em grão, minério de ferro, farelo de soja, carne de frango, fumo em folhas, algodão em bruto e café.

Entre os meses de novembro de 2004 e 2005, os preços dos óleos combustíveis aumentaram 75,1%; do minério de ferro, 55,3%; do café em grão, 44,1%; da carne de frango e do açúcar em bruto, 38%.

As boas perspectivas para a economia mundial permitem supor que o comércio exterior brasileiro cresça novamente em 2006, mas o mais provável é que as importações cresçam mais rapidamente do que as exportações com diminuição do superávit.

E isso não é mau. Superávits recordes de mais de US$ 40 bilhões vêm sendo os grandes responsáveis pela valorização do real, afetando a lucratividade de parte das exportações. Um aumento mais rápido das importações poderá, portanto, ajudar a valorizar o dólar e beneficiar os exportadores, sem pôr em risco as contas externas, ajudadas pela queda do risco País e pelo aumento da corrente de comércio.