Título: BB elogia o Brasil e compra na China
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Economia & Negócios, p. B21

Importadora ganha licitação e vai fornecer os brindes solicitados: 6 mil canetas com laser e 20 mil agendas

O Banco do Brasil (BB), um dos bancos públicos que integra a campanha ¿O Melhor do Brasil é o Brasileiro¿, decidiu comprar produtos da China para presentear clientes e parceiros no chamado relacionamento negocial. A licitação de número 38.348 prevê a compra de 103 mil agendas e 36,8 mil brindes. Pelos dados disponíveis no site do banco, o valor negócio chegará a R$ 3,625 milhões. Parte da encomenda será atendida por empresas importadoras de produtos chineses. A Presença Comercial Ltda, importadora de Minas Gerais, ¿ que arrematou o contrato de fornecimento do lote 10 ¿, deverá importar 6 mil unidades de canetas com laser.

A empresa também ganhou o lote 4, que prevê o fornecimento de 20 mil agendas para público jovem. A licitação foi dividida em 12 lotes, 4 para compra de agendas e 8 para aquisição de brindes como lanternas, canivetes, conjunto com espátula, garfo e facas para queijo, bolsas de viagem, entre outros produtos.

Segundo a Associação Brasileira de Brindes (Abrinde), as empresas que venceram a licitação deverão adquirir a quase totalidade destes produtos na China. ¿Os chineses são muito competitivos na venda de produtos de metal, como canetas, canivetes e chaveiros. O que me espanta nesta lista é a importação de agendas. O Brasil tem uma indústria de papel muito desenvolvida e possui também gráficas com todas as condições de fornecimento¿, diz Marcelo Chaves, diretor-comercial da Associação Brasileira de Brindes (Abrinde).

O governo Lula havia feito uma recomendação às empresas estatais para que, sempre que possível, privilegie as empresas nacionais. Foi esta determinação que levou a Petrobrás a fechar contratos para a montagem de plataformas de petróleo com estaleiros brasileiros. O tema freqüentou a campanha eleitoral e arregimentou votos na eleição de 2002.

O Banco do Brasil se defendeu. Disse que será a primeira experiência com leilão eletrônico. Segundo a Assessoria de Comunicação, o processo, ainda não concluído, levou em alguns casos à economia de até 50%. O banco alega transparência do processo, que era executado até o ano passado pelas agências de publicidade, para as quais cabiam 5% do valor do negócio como comissão.

O banco reconhece que, dada a modalidade de compra, não tem como definir origens dos produtos, se são importados ou adquiridos no mercado local. Afirmou, no entanto, que pelas regras da licitação todas as empresas estão de acordo com a legislação brasileira, até as importadoras. O BB negou que a compra de brindes importados esteja em desacordo com as determinações do governo Lula.