Título: IPC cai para 0,29%em novembro
Autor: Francisco Carlos de Assis
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) reduziu de 5% para 4,5% a projeção de inflação da cidade de São Paulo para este ano medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A revisão ocorreu por causa da forte desaceleração do IPC em novembro, que fechou em 0,29%, e refletiu a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. "Não dá para deixar de considerar que a queda dos preços livres é o outro lado da moeda da redução do nível de atividade, cuja extensão conhecemos na semana passada", diz o coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, referindo-se à queda de 1,2% do PIB de julho e setembro.

Se a nova previsão anual se confirmar, ela ficará 1,5 ponto porcentual abaixo do teto da expectativa para o IPC-Fipe do começo do ano, que chegava até 5,5%. Também será o menor índice anual desde 2000.

O resultado do IPC-Fipe do mês passado (0,29%) foi menos da metade do índice de outubro (0,63%), ficou muito abaixo da previsão inicial de 0,50%. Também foi menor indicador mensal desde agosto (-0,20%).

"Não tenho mais como manter a previsão de 5%", admite o coordenador do IPC-Fipe. Ele projeta para este mês uma inflação de 0,30%. De janeiro a novembro, o IPC-Fipe acumula alta de 4,22%.

No mês passado, com exceção dos grupos alimentação e vestuário, que se aceleraram de outubro para novembro, todos os demais, num total de cinco, perderam o fôlego.

Os alimentos saíram de uma variação de 0,45% para 0,74%, influenciados basicamente pelos produtos in natura. Esse subgrupo havia fechado outubro com deflação de 0,44%, mas, no mês passado registrou alta de 6,7%.

Só o tomate e a batata juntos responderam por 0,17 ponto porcentual da inflação de novembro. Isso significa que, excluídos esses dois produtos in natura, o IPC-Fipe do mês passado teria sido bem menor, de 0,12%. No caso do vestuário, a elevação da taxa, de 0,01% para 0,39%, está associada à entrada da moda verão no mercado.

Picchetti observa que o núcleo do IPC-Fipe, um indicador de tendência da inflação, desacelerou: fechou outubro com alta de 0,32% e encerrou novembro com elevação de 0,25%. O conjunto dos produtos industrializados saiu de uma alta de 0,26% em outubro para uma queda de 0,05% em novembro.

"Além do recuo dos alimentos industrializados, houve desaceleração dos preços dos eletrodomésticos e dos aparelhos de imagem e som, os chamados preços livres", ressalta Picchetti. Ele observa isso reflete a fraca demanda provocada pelo esgotamento do crédito.

Outro indicador do quadro econômico negativo é o comportamento dos preços dos produtos de higiene e beleza, que normalmente são os primeiros a serem excluídos da lista de compra do consumidor que passa por algum descontrole financeiro.

No mês, os produtos de higiene e beleza caíram em média 0,72%, e na ponta estão 1,4% mais baratos. "Tudo isso significa que não há pressão do lado da demanda para inflação", diz Picchetti. Em novembro, os preços dos aparelhos de som caíram 2,69% e os eletroeletrônicos como um todo ficaram 2,28% mais baratos.