Título: Vale pretende disputar controle da Brasil Ferrovias
Autor: Alaor Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

A Vale do Rio Doce quer ampliar a sua presença no setor ferroviário e pretende disputar a Brasil Ferrovias, cujo controle está sendo posto à venda pelos atuais acionistas, basicamente os fundos de pensão Previ (funcionários do Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal). A Brasil Ferrovias cruza o Estado de São Paulo até Mato Grosso, ligando essas regiões ao Porto de Santos. O presidente da Vale, Roger Agnelli, não crê que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) impeça a operação, já que a empresa é dona das ferrovias Vitória-Minas, Carajás e Centro Atlântica e poderia configurar excesso de concentração. "Nós achamos que não há empecilho, já que cada ferrovia atende a um mercado diferente", disse Agnelli.

A empresa vai participar também da licitação da Ferrovia Norte-Sul em 2006, que o governo quer construir por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs). "Esse primeiro trecho interessa muito à Vale e vamos fazer proposta", disse o executivo, ao comentar os resultados de 2005.

Para Agnelli, o segmento de logística continua uma das prioridades da empresa, ao lado da exploração do minério de ferro e de metais não-ferrosos. Além de ferrovias, a Vale vai aumentar os investimentos em cabotagem em 2006. "Achamos que há um grande espaço para o transporte de cargas por navio no Brasil", comentou.

A prioridade da mineradora, porém, ainda é o minério de ferro. No início do ano, a empresa conseguiu aumentar o preço do minério em 71% e está em processo de negociação para 2006. Mas Agnelli não quer antecipar o porcentual. Ele não crê que a posição mais dura dos chineses vá impedir o reajuste.

"Eu acredito na oferta e demanda e a demanda continua muito forte", argumentou. Ele observou que a China continua crescendo, os Estados Unidos, também e a Europa dá sinais de voltar a crescer. "O aumento da oferta de minérios está abaixo da demanda. Todas as matérias-primas minerais estão em níveis recordes. Os preços históricos não valem mais. Os preços dos minérios mudaram de patamar", acredita.

A empresa aposta que o mercado mundial continuará crescendo. E, além de aumentar os investimentos no Brasil, está buscando oportunidades no exterior.