Título: Mulheres avançam e injustiças diminuem
Autor: Robson Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Economia & Negócios, p. B8

Elas levam vantagem sobre os homens em muitos indicadores; em renda, não

O sexo feminino demonstrou força na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As mulheres levaram vantagem sobre os homens em quase todos indicadores socioeconômicos e demográficos de 2004, período da pesquisa. Mesmo nas áreas que não se saíram vitoriosas, conseguiram encurtar a distância em vários segmentos da economia. Foram as mulheres que contribuíram de forma significativa para o aumento de 3,2% no contingente das pessoas ocupadas em 2004. Em números absolutos, 2,7 milhões de pessoas entraram no mercado de trabalho - as mulheres ocuparam 1,511 milhão das novas vagas; os homens, 1,143 milhão. O índice de mulheres ocupadas chegou a 45,6%, o maior até hoje, superando o recorde anterior (44,6%) de 1995. No Sul, o desempenho foi melhor, 52,8%.

Na composição por gênero nas várias atividades de trabalho, verificou-se um porcentual reduzido de mulheres ocupadas na construção civil (2,5%); nos serviços domésticos, elas representaram 93,3%. O contingente feminino suplantou o masculino em atividades como educação, saúde e serviços sociais (77,4%) e na maioria das atividades coletivas e sociais (58,6%). No segmento alojamento e alimentação, houve um empate técnico: 50,2% da população ocupada era masculina ante 49,8% da parcela feminina.

Em 2004, o rendimento médio mensal de trabalho ficou em R$ 730, com o rendimento feminino pressionando para baixo a média nacional. Os pesquisadores acreditam que, além de aspectos históricos, o tipo e segmento de trabalho, cargo e número de horas trabalhadas, contribuem para que as mulheres ganhem menos que os homens. Essas diferenças justificariam o valor médio recebido pelas mulheres de R$ 580, 69,5% dos rendimentos recebidos pelos homens (R$ 835). No mercado formal de trabalho, a diferença de rendimentos cai para 10,8%.

Nos indicadores educacionais, a população feminina também levou vantagem sobre a masculina. A média nacional de analfabetismo foi quase a mesma (10,8% para homens e 10,2% para mulheres), mas, na análise por faixas etárias, a taxa de analfabetismo na idade de 10 a 14 anos ficou em 4% para os meninos e em 2,3% para as meninas.

As meninas são maioria na pré-escola (de 5 a 6 anos) e ensino fundamental (7 aos 14 anos). Na média nacional, mulheres têm mais tempo de estudo (7,9 anos) do que homens (6,9 anos). A maior escolarização das mulheres se refletiu no trabalho. Entre as pessoas ocupadas, 40% das mulheres tinham 11 ou mais anos de estudo em 2004, ante 29,2% dos homens em iguais condições de escolaridade. "As mulheres estudam cada vez mais à medida que progridem no mercado de mercado", dizem os pesquisadores.