Título: País supera 50 milhões de domicílios
Autor: Robson Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

Marca histórica foi atingida em 2004; 73,6% das casas são ocupadas pelos donos e 68,8% estão inteiramente quitadas

O Brasil conquistou uma marca histórica no ano passado, ao ultrapassar pela primeira vez a barreira de 50 milhões de domicílios. De acordo com os números divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são exatamente 50.956.357 domicílios em todo o País, 2,5% mais do que em 2003. Desse total, 73,6% são ocupados pelos próprios donos (68,8% quitados) e 15% alugados. Na distribuição geográfica, o Norte apresenta a maior proporção de casas próprias (cerca de 80%), seguida pelo Nordeste, com 76,9%. No Sudeste, que concentra 54,5% dos domicílios do no País, o índice de casas próprias é de 71,7%. O número médio de pessoas por domicílio, calculado pelo IBGE, ficou em 3,5 moradores, pressionado para cima pelos índices de 4,0 moradores por domicílio na Região Norte e 3,9, no Nordeste. No Sul e no Sudeste, a média foi de 3,3 moradores. Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores foi o índice de residências com um único morador (10,5% na média nacional e 11,3% no Sudeste), índice que representa quase 6 milhões de residências e, consequentemente, pessoas. Os técnicos do IBGE acreditam que idosos e jovens, por motivos não constatáveis na pesquisa, são a maioria dos moradores solitários.

Outra constatação importante foi o índice relativamente baixo das chamadas residências rústicas. Apenas 2,7 das moradias brasileiras foram construídas com paredes externas feitas com material impróprio para construções, como papelão, madeiras de embalagens, taipa não-revestida ou palha. As Regiões Norte e Nordeste registraram índices bem acima da média nacional, de 6,8% e 6,2%, respectivamente, de residências construídas com material não durável.

A pesquisa também apontou variações importantes no interior das residências. Na média nacional, 90,3% delas têm pelo menos um aparelho de TV, que retomou a liderança perdida na pesquisa anterior para o rádio, presente em 87,8% das residências no ano passado, índice ligeiramente maior do que o das geladeiras (87,4%).

Os destaques em relação aos últimos anos foram o freezer - que perdeu participação no mercado (caiu 12% nos últimos cinco anos) - e os microcomputadores, hoje em 16,6% das residências, um aumento de 11,2% em relação a 2003.

É o caso de Elaine Cristina Cruz, de 22 anos, que há dois anos conseguiu comprar um computador. O marido fez um empréstimo na empresa onde trabalha e descontou o valor do seu salário. Para ela, o computador ajudou muito nos estudos. "No futuro, quero trabalhar com algo melhor. Estou me preparando", diz Elaine, que trabalha como faxineira e cursa o 1.º ano do ensino médio.

De acordo com o IBGE, 12,4% das residências do País (quase 6,5 milhões) já têm acesso à internet. Em apenas um ano, pouco mais de 1 milhão de moradias passaram a estar conectadas à rede.

INFRA-ESTRUTURA

O número de moradias com serviços adequados de esgoto, água, energia elétrica e coleta de lixo melhorou em 2004 em relação aos anos anteriores, mas a cobertura total - exceto, talvez, para a energia elétrica - é um sonho ainda distante.

Pelos números divulgados pelo IBGE, cerca de 9 milhões de residências (17,8%) permaneciam em 2004 sem abastecimento de água; 15,5 milhões (30,4%) sem sistema adequado de esgoto; e 7,5% (14,8%) sem serviço de coleta de lixo.

Mesmo com a expansão vertiginosa dos serviços de comunicação, a chamada universalização - termo freqüentemente usado pelo setor - ainda está longe de se tornar realidade, embora o avanço tenha sido inegável. Os dados divulgados pelo IBGE revelam que, nos últimos cinco anos, a proporção de domicílios com serviços de telefonia passou de 37,6% para 66,1%. Em 2004, o aumento foi de 9,2%, o que não impediu que um em cada três domicílios continue sem telefone, fixo ou celular.