Título: Álcool combustível tem nova alta em São Paulo
Autor: Chico Siqueira e Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. B8

O preço do álcool combustível voltou a subir em São Paulo. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), tanto o álcool anidro (misturado na gasolina) como o hidratado (usado para abastecer os carros) subiram na semana passada 5,4% e 5%, respectivamente, nas usinas do Estado, que é responsável por mais de 60% da produção nacional. O litro do anidro subiu de R$ 0,92 para R$ 0,97, sem os impostos. Já o álcool hidratado passou de R$ 0,82 para R$ 0,86. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), os postos de combustíveis já estão repassando os reajustes para os consumidores. No caso do hidratado, o preço subirá cerca de R$ 0,15 o litro. A gasolina também terá aumento entre R$ 0,03 e R$ 0,04, já que 25% de sua composição é de álcool anidro.

Desde maio, quando atingiu a mínima de R$ 0,57298 o litro, o álcool hidratado vendido pelos produtores em São Paulo embalou uma alta que já chega a 50,4%, segundo dados do Cepea. O litro do anidro caiu em maio para R$ 0,65635 e na última pesquisa entre 28 de novembro e 2 de dezembro estava em R$ 0,9720 - alta de 48% neste período. "Nosso preço de custo tem subido e repassado para o consumidor. Basta saber por que o álcool tem subido tanto nos últimos meses", questiona o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia.

A explicação do diretor da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, é que o mercado anda nervoso, já que as previsões feitas pelos especialistas para a safra deste ano não estão se concretizando. A produção de cana-de-açúcar deverá ficar abaixo da expectativa.

No Nordeste, a queda na safra deverá representar uma redução de pelo menos 18% em relação ao período anterior, recuando de 58 milhões para 47 milhões de toneladas. Na Região Centro-Sul também há frustração, mas a produção deverá ficar acima da verificada na safra anterior. Só não será tão grande como a esperada. O acréscimo vai ser destinado para a produção de álcool. "Vamos fazer cerca de 15 bilhões de litros de combustíveis, 8% a mais que o ano passado", diz Pádua.

Ele afirma que não haverá falta de álcool e que o mercado será abastecido sem problemas. "Só vamos passar uma entressafra mais apertada", afirmou o diretor da Unica. Resumindo: com a demanda aquecida por causa do aumento da venda de carros bicombustíveis, o preço do álcool deverá continuar em alta.

O executivo lembrou que várias usinas deverão entrar em operação na próxima safra, elevando a produção de 2006. Segundo ele, a tendência é antecipar o início da safra do ano que vem para março.