Título: Empréstimo consignado perde fôlego
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Economia & Negócios, p. B3

Operações alcançaram 45% do total de crédito pessoal em outubro, mas ritmo de crescimento vem caindo nos últimos meses

Os empréstimos com desconto em folha já representavam em outubro 45% das operações de crédito pessoal. Criadas no fim de 2003, as operações dessa modalidade têm taxa de juros mais baixas. Para comparar: a taxa de juros das operações de crédito pessoal estava em 52,4% ao ano em outubro, enquanto o custo do empréstimo com desconto em folha era de apenas 37,2%, numa mostra de 13 bancos que são responsáveis por 70% do crédito pessoal. Apesar disso, o chefe-adjunto do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Luiz Malan, comentou ontem que o ritmo de crescimento das operações de crédito com desconto em folha vem caindo nos últimos meses. "A tendência é que essa modalidade de crédito permaneça em alta, mas numa velocidade menor." O economista da corretora Concórdia, Elcio Telles, acha que a perda de fôlego do empréstimo consignado está ligada ao fato de que os consumidores já chegaram a um limite em suas capacidades de tomar empréstimos aos bancos. "Este tipo de crédito aumentou muito no início. A tendência agora é mesmo de acomodação."

O total dos empréstimos com desconto em folha estava em R$ 31,002 bilhões em outubro. O valor, segundo o chefe-adjunto do Depec, é 2,5% maior que os R$ 30,242 bilhões de setembro. A maior procura por essa modalidade de crédito, de acordo com o Depec, é dos trabalhadores do setor público e dos aposentados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Juntas, as duas categorias já tomaram R$ 26,874 bilhões em empréstimos com desconto em folha.

Na iniciativa privada, o volume dos empréstimos dessa modalidade ainda está em R$ 4,128 bilhões. O BC espera que os acordos entre instituições financeiras e centrais sindicais dêem mais impulso a essas operações no setor privado.