Título: Dólar desafia o BC e cai de novo
Autor: Silvana Rocha, Mario Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. B14

O dólar voltou a desafiar o Banco Central e caiu 0,59%, para R$ 2,196, apesar dos leilões de compra e de swap reverso. O paralelo recuou 0,25%, para R$ 2,437, enquanto a Bolsa perdeu 0,40%, em dia de realização de lucros, os juros futuros projetaram queda e o A-Bond desvalorizou-se 0,25%, vendido com ágio de 5,85%. O risco país bateu novo recorde de queda, recuando 0,61%, para 324 pontos. "Com o risco Brasil caindo, a taxa Selic em 18,50% ao ano e o forte fluxo cambial positivo, não dá para apostar contra o real", comentou um operador, citando o pesado movimento de venda no mercado futuro de dólar, que afeta as cotações à vista. "O Banco Central está numa sinuca de bico", brincou outro profissional. É consenso nas mesas de operações que o BC precisa acelerar o ritmo de cortes da taxa Selic, se pretende conter a valorização desenfreada do real.

Uma estratégia mais agressiva nos leilões de swap reverso também poderia amenizar a baixa, mas esta seria uma opção paliativa. Em 18 de novembro, quando o BC retomou os leilões de swap reverso, o dólar subiu para R$ 2,229. Daí em diante, o fechamento mais alto foi o do dia 24, R$ 2,242. De lá para cá, o BC fez 7 leilões, e desde o dia 24 o comercial acumula queda de 2,05%.

Na BM&F, os seis vencimentos de dólar negociados voltaram a projetar queda.

A alta do petróleo futuro e o recuo das Bolsas em Wall Street levaram o investidor a realizar lucros na Bovespa, depois de uma valorização de quase 3% na semana passada. O giro financeiro foi baixo, R$ 1,532 bilhão, mas o fluxo de capital externo foi positivo. O Ibovespa fechou em baixa de 0,40%, em 32.701 pontos. Com esse resultado, a Bolsa passou a acumular altas de 2,46% em dezembro e de 24,83% em 2005.

Os destaques foram os papéis da Tele Leste Celular e Tele Centro Oeste, refletindo a reestruturação societária das empresas do Grupo Vivo, que resultará na unificação das suas cinco companhias de capital aberto listadas na Bovespa (ver página B16). As maiores quedas foram de TIM Par ON (4,65%), Copel PNB (3,43%) e Celesc PNB (3,42%).

No mercado de juros, o contrato com vencimento em fevereiro de 2006 - que indica a aposta para a reunião do Copom de janeiro - projeta uma redução de 0,60 ponto na Selic.