Título: Caixa 2 de Azeredo não é tema da CPI, diz Aécio
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Nacional, p. A18

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que o empréstimo feito por Marcos Valério para abastecer o caixa 2 da campanha à reeleição do então governador mineiro, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998, "está fora do objeto das investigações" da CPI dos Correios. Ao ser questionado sobre o impasse entre petistas e tucanos, que adiou para quinta-feira a votação do relatório parcial sobre movimentação financeira de Valério, Aécio destacou que o "centro das investigações são todas essas acusações em relação ao governo do PT". "Inclusive com apurações já muito importantes, vinculações com empresas públicas como o Banco do Brasil, contas externas - esse é o centro das investigações", insistiu.

Ele disse que vê com "naturalidade" a inclusão do financiamento paralelo da campanha de 98 no relatório do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Anteontem, porém, em entrevista à Rádio Bandnews, Aécio admitiu que o episódio é um "incômodo" para o PSDB no pleito presidencial do ano que vem.

"Se o PT se sente mais consolado se fizerem referência ao que ocorreu em 98, acho absolutamente natural, não muda nada, mas obviamente não pode haver um hiato entre 98 e 2005", afirmou.

Aécio disse que "certamente" o relatório conterá "problemas de caixa 2" na campanha para o Senado do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), "na campanha para o Senado do Rio, na campanha do Rio Grande do Sul e até nas campanhas do PT de Minas".

Valério rebateu ontem a afirmação de Aécio na entrevista à Bandnews de que ele intermediou a transferência de recursos públicos para o PT. Em nota divulgada por sua assessoria, o empresário repudiou, "com veemência", e classificou como "absolutamente infundadas" as declarações do tucano.

Aécio disse que Valério se transformou em "um grande personagem nacional porque o PT resolveu transformá-lo em grande instrumento de arrecadação de fundos, criação de oportunidades de negócios para outras empresas de outros setores, aí sim, com a transferência do recurso público para o setor privado e para o partido".

O governador assegurou que a relação entre Valério e a campanha tucana de 98 é muito diferente da que foi construída com o governo petista. "O PT inaugurou no Brasil o financiamento público de campanha, só que apenas para si. Recursos de empresas públicas engrossavam o caixa do PT e eram distribuídos para alguns partidos da base", acusou. Valério contestou, afirmando que os empréstimos ao PT foram feitos da mesma forma que em 1998.