Título: Lula critica mediocridade de políticos
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2005, Nacional, p. A10

No Nordeste, presidente culpa aqueles 'que só visam à reeleição' pela desigualdade social e existência de regiões menos favorecidas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem de forma contundente a oposição, ao responsabilizar a "mediocridade política" pela manutenção da desigualdade social e das regiões menos favorecidas, como o Nordeste. Segundo ele, sempre que em Brasília se fala de ações para o Nordeste, aparece um especialista para dizer que não é viável, frustrando a ajuda federal. "Parte dessas coisas acontece pela mediocridade política do Brasil, pela mediocridade de uma classe política, onde boa parte não consegue pensar o País nem um minuto além do seu mandato, só visando à reeleição", atacou. Lula disse que nenhum país se projeta enquanto nação se cada eleito só pensar no seu mandato, ignorando o desenvolvimento do País. "Quando plantamos uma árvore, não temos de chupar o seu fruto, outros que virão poderão ser beneficiários", afirmou. "Tivemos coragem de plantar, mesmo sabendo que não vamos chupar o fruto. O Brasil tem de ser pensado assim, não se pode estabelecer a política do imediatismo", destacou, perante uma platéia de cerca de 3 mil pessoas, na sede administrativa do Banco do Nordeste, em Fortaleza.

O discurso foi feito na solenidade de assinatura do protocolo de intenções da Ferrovia Transnordestina - que deverá receber investimentos de R$ 4,5 bilhões -, e de anúncio de recursos para o metrô de Fortaleza e da liberação de R$ 3,4 milhões, pelo Banco do Nordeste, para o programa de empréstimo a comunidades.

Lula garantiu que ontem foi um marco para a região: "Depois de hoje o Nordeste nunca mais será o mesmo." Aos gritos de "Brasil urgente, Lula novamente", ele desceu do palanque, deu autógrafos e foi abraçado. Um fã tentou, sem sucesso, que ele autografasse o livro O Príncipe, de Maquiavel.

Políticos de vários partidos foram à solenidade de ontem, incluindo três governadores e quatro ministros de Lula - Dilma Roussef, da Casa Civil, Ciro Gomes, da Integração Nacional, Alfredo Nascimento, dos Transportes, e Silas Rondeau, das Minas e Energia.

O presidente aproveitou para defender de forma veemente a transposição do Rio São Francisco e elogiar Ciro: "Poucas vezes conheci ser humano com a sua honradez, dedicação, lealdade e transparência nas ações."