Título: Vaticano também quer banir dos seminários instrutores gays
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Vida&, p. A38

Uma carta enviada aos bispos orienta a exclusão de seminários de professores e diretores com 'tendência homossexual'

Uma carta do Vaticano enviada secretamente para bispos da Igreja Católica do mundo todo orienta excluir de seminários professores e diretores com "tendências homossexuais". O documento é um complemento da diretiva apresentada na terça-feira que exclui os homossexuais dos seminários e do sacerdócio.

O novo documento afirma que por causa da responsabilidade dos formadores de futuros padres, gays não podem ser educadores nem diretores em seminários. A carta e a diretiva não definem "tendências homossexuais". A carta, divulgada pela Catholic News Service , foi assinada em 4 de novembro pelo prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Zenon Grocholennwski.

A instrução católica vê a homossexualidade como um estado "desordenado". Alguns membros do sacerdócio afirmam que se o Vaticano não quer gays estudando nos seminários, então não gostaria de ter homossexuais envolvidos na formação de futuros padres. Entretanto, ainda não está claro como esta política de banir homens com "tendências homossexuais" será cumprida sem entrevistar instrutores de seminários e administradores sobre sua orientação sexual.

"Se isso não é caça às bruxas, então não sei o que é", afirmou o reverendo Richard Prendergast, de uma igreja de Chicago e um dos fundadores do site Catholics Affirming Homosexual Leadership (Católicos Afirmando Liderança Homossexual). Ele considera que a única maneira de excluir gays dos seminários seria por meio de resposta positiva à pergunta "você é homossexual?".

A carta também afirma que o Vaticano trabalha no tema da homossexualidade no sacerdócio desde 1996, antes de o escândalo de abuso sexual entre padres americanos ter estourado em 2002. A idéia surgiu quando a Congregação para a Doutrina da Fé, então liderada pelo cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, pediu à Congregação para a Educação uma instrução sobre homossexuais e vocação sacerdotal.