Título: Peritos estrangeiros aprovam urnas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Internacional, p. A23

Observadores expressam confiança no sistema de votação da Venezuela; apenas 322 dos 5.513 candidatos inscritos aderiram ao boicote

As urnas eletrônicas importadas dos EUA imprimem comprovantes, 45% dos quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) contará manualmente, gerando uma amostra para comparar com o resultado das urnas eletrônicas. O Súmate convocou os cidadãos a comparecer a igrejas e templos - já que as aglomerações estarão proibidas em outros locais - por volta do meio-dia de domingo, para protestar contra a suposta fraude nas eleições. Em termos numéricos, a saída dos principais partidos de oposição é pouco expressiva. O presidente do CNE, Jorge Rodríguez, informou ontem que 322 candidatos desistiram formalmente de participar das eleições, de um total de 5.513. Segundo as pesquisas, a oposição tinha chances de eleger no máximo 17 deputados, de um total de 167. A oposição afirma que as máquinas americanas, fabricadas pela Smartmatic, guardam na memória a ordem de votação, possibilitando a violação do sigilo. Além disso, segundo os oposicionistas, seria possível fraudar os resultados. O CNE nega categoricamente. De acordo com o órgão, o sistema é inviolável, a ordem dos votos é embaralhada na sua memória e é possível, em caso de dúvidas, auditar 100% da contagem, graças aos comprovantes impressos de votação.

Os observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos e da União Européia têm manifestado confiança no sistema venezuelano.

"Creio que os esforços feitos na Venezuela superam o que tem sido feito noutros países", disse ontem o observador espanhol Asier Martínez. "As garantias são mais que suficientes."

Para o uruguaio Wilfredo Penco, não cabe aos observadores internacionais entrar na polêmica sobre se a oposição deve ou não boicotar as eleições. "Mas, do ponto de vista institucional, apoiamos totalmente o processo eleitoral venezuelano, temos plena confiança nos procedimentos." Penco lamentou que os oposicionistas e representantes de meios de comunicação privados não tenham aceitado o convite para participar de uma reunião para discutir o processo eleitoral.

Já o observador equatoriano Nicanor Moscoso atestou que "não havia nenhuma possibilidade de comunicação" entre o mecanismo de reconhecimento das digitais do eleitor e a máquina de votação. Essa foi uma das alegações da oposição. O CNE atendeu à exigência de eliminar a ligação entre o leitor das digitais e as máquinas, e mesmo assim a oposição se retirou das eleições.