Título: Ex-relator, Mentor luta contra cassação
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Nacional, p. A18

Enquanto a Polícia Federal segue as pistas deixadas pela CPI do Banestado, o deputado José Mentor (PT-SP), que foi seu relator, trabalha duro em dois outros fronts. No primeiro, para mostrar que não protegeu o Banco Rural durante a CPI; e no segundo, para explicar ao Conselho de Ética da Câmara que não há nada de irregular nos R$ 120 mil que recebeu da empresa mineira Tolentino e Mello Associados, ligada ao publicitário Marcos Valério de Souza. Esta segunda suspeita custou-lhe a inclusão de seu nome entre os 16 "cassáveis" da CPI do Mensalão. No caso do Banco Rural, Mentor remeteu ao Conselho de Ética uma detalhada documentação, em que enumera sete requerimentos que apresentou, nos quais, por exemplo, convoca seu presidente para depor e pede quebra de sigilos.

Na questão do dinheiro do valerioduto, o deputado apresenta comprovantes para mostrar que as operações foram normais. "Eu recebi, sim, esse dinheiro. Dos R$ 120 mil, metade fui eu mesmo que informei à CPI, que só sabia de R$ 60 mil", disse ele ontem. "É dinheiro limpo, tem notas fiscais dos serviços e cheques normais, dos quais enviei cópias à CPI. Não há nada ilegal nisso", avisou. "Se me cassarem, é porque sou do PT e porque enfrentei a oposição na CPI do Banestado."