Título: Para Embraer, mercado pode ter excesso de oferta
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Economia & Negócios, p. B18

O vice-presidente de aviação comercial da Embraer, Frederico Fleury Curado, vê risco de oferta de assentos superior à demanda global num prazo de quatro a cinco anos. Espera-se que 2005 seja ano recorde de pedidos de jatos comerciais em todo o mundo. As duas maiores fabricantes mundiais, a européia Airbus e a americana Boeing, já fecharam juntas pedidos de aproximadamente 1,2 mil aeronaves no acumulado deste ano, quase o dobro do número de encomendas de 2004. "A demanda está exagerada. As companhias aéreas 'low cost' estão comprando muito, só olhando para a questão da participação de mercado. Isso também tem influência sobre o nosso mercado", disse Curado. A última vez que houve excesso de oferta de assentos na aviação global foi depois dos atentados contra os EUA em 11 de setembro de 2001. A forte queda no número de viajantes fez as companhias aéreas readequarem suas frotas, deixando centenas de aviões parados. Ainda que a situação seja ruim para o mercado em geral, a Embraer pode ser beneficiada, já que as companhias aéreas tendem a buscar aviões menores - como os produzidos pela brasileira -, para tentar equilibrar oferta e demanda. Apesar da forte procura por aviões de maior porte em 2005, não houve a mesma intensidade em relação aos jatos regionais. Ontem, a Embraer anunciou que a finlandesa Finnair exerceu quatro opções de compra de aviões Embraer 170 (de 70 passageiros), convertendo-as em encomendas firmes de jatos Embraer 190 (100 assentos). Com isso, os pedidos no acumulado deste ano somam cerca de 90 aviões, ante 132 jatos encomendados em 2004.