Título: Não há erro, diz Palocci. Só ajustes sazonais
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Economia & Negócios, p. B5

'Metodologia do IBGE comporta efeitos técnicos, que interferem no resultado final', explica ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou ontem que não considera que existam erros na metodologia de trabalho do IBGE no cálculo do PIB. Mas observou que o IBGE trabalha com itens de caráter sazonal, principalmente produtos do setor agrícola. Como exemplo, citou o café, cujo ciclo de produção é sempre marcado por uma safra forte, sucedida no ano seguinte por uma safra fraca. "Este foi um ano de safra fraca, que teve um impacto no resultado do PIB do terceiro trimestre", disse. "Não é um erro, mas a metodologia do IBGE comporta efeitos técnicos, que interferem no resultado final." Segundo o ministro, o resultado do PIB do terceiro trimestre tem dois pontos importantes: a manutenção do crescimento do consumo das famílias, resultado do aumento da renda no País, e a queda na produção industrial. "Eles sinalizam que será necessário um ajuste de estoque e um aumento de produção das empresas." Palocci disse que já há sinais de reaquecimento econômico neste quarto trimestre. "O ciclo de crescimento do Brasil não está sendo interrompido."

Segundo o ministro, se confirmado o resultado do terceiro trimestre auferido pelo IBGE, a previsão do governo para o crescimento do PIB para este ano poderá ser revisada para baixo.

POLÍTICA MONETÁRIA

Palocci disse também que a política monetária brasileira não será alterada. A ata do Copom deixou bem claro que o ritmo da queda dos juros deverá ser mantido. "Eu não acho que o Copom vá alterar essa avaliação", disse. "A menos que surjam indicadores que alterem a opinião do Copom."

A política monetária, para ele, é eficiente, e "é preciso levar em conta que há efeitos colaterais", disse. "Por isso, o debate é legítimo. A política monetária não deve mudar por causa de um trimestre. O terceiro trimestre é um momento."

Para Palocci, não há erro na ação do BC. "O Ministério da Fazenda não vai ajustar a política monetária. Cabe ao Copom avaliar eventuais alterações." O Copom, afirmou, "olha a inflação" e a ata divulgada anteontem indica que será mantido o ritmo de queda de juros.

Palocci afirmou que a queda recorde do risco Brasil mostra que o investidor estrangeiro aposta no Brasil no longo prazo. "Isso significa menos juros cobrados sobre a dívida externa brasileira." Segundo ele, se a economia continuar melhorando, a tendência vai se estender às taxas de juros domésticas.