Título: Equipe econômica aposta em dados provisórios e espera revisão do PIB
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Há na equipe econômica a convicção que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre divulgados esta semana serão revistos e uma torcida para que essa revisão seja para melhor. Assim que a queda de 1,2% do PIB foi divulgada, começaram a circular nos escalões técnicos informações de que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se baseou em dados provisórios. Segundo técnicos, o cálculo do IBGE levou em conta um desempenho estimado para a pecuária. Além disso, os dados sobre o desempenho da indústria ainda estavam sendo afinados. A confiança de que o resultado deve melhorar baseia-se no fato de que o Banco Central e o mercado financeiro não esperavam uma queda tão grande, mas algo mais próximo a 0,5%.

Paralelamente, o Banco Central, que esperava uma queda menor - de 0,2% a 0,5% -, fez circular na equipe econômica um estudo justificando suas previsões. Todo esforço era no sentido de esfriar os ânimos e evitar uma nova carga de "fogo amigo" sobre a política de juros.

O IBGE divulga cálculos preliminares, que depois são revisados. Por exemplo: o governo passou por um grande desgaste após a divulgação, em 2003, de que o PIB havia encolhido 0,2%. Depois de revisto, o resultado negativo se transformou em crescimento de 0,5%. Na reunião com economistas de bancos, quinta-feira, em São Paulo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Afonso Bevilaqua, lembrou que já houve resultados trimestrais do IBGE que passaram por várias revisões. Segundo uma pessoa que assistiu à exposição, ele não disse isso para criticar o IBGE, mas para mostrar que o número é provisório.

A equipe econômica aposta nos dados positivos da economia no quarto trimestre para tirar a política monetária da berlinda. Os cortes nos juros a partir de setembro e a aceleração dos gastos públicos a partir de outubro deverão impulsionar a economia. O fato de a arrecadação federal ter ficado cerca de R$ 3 bilhões acima do esperado em outubro é vista como indício de aquecimento da economia.