Título: Secretário se defende de críticas
Autor: Alexandre Rodrigues, Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Metrópole, p. C3

Secretário citou 'padaria metralhada' em SP - na verdade, uma drogaria - para alegar que violência não é exclusividade carioca

O secretário da Segurança do Rio, Marcelo Itagiba, afirmou ontem que atos de "facínoras" não são "exclusividade" da cidade e citou o caso de uma "padaria metralhada" em São Paulo - na verdade, o crime aconteceu numa drogaria. "Atos como esse não acontecem única e exclusivamente na cidade do Rio de Janeiro, é algo que acontece de forma indiscriminada em vários pontos do Brasil, basta ver que recentemente uma padaria foi toda metralhada na cidade de São Paulo." O ataque aconteceu sexta-feira na Drogaria Aliança, na Vila Matilde, zona leste: um garoto de 4 anos morreu e quatro pessoas se feriram. O secretário disse que o atentado ao ônibus da Linha 350 é apenas um "episódio" de violência e as pessoas "devem continuar levando sua vida normal". "A imprensa tem enorme importância para não criar uma síndrome do medo em cima de determinado fato."

Para Itagiba, o atentado no Rio foi uma represália à ação da polícia, que "praticamente acabou com o tráfico no (Morro do) Quitungo". "Por isso, temos que valorizar a polícia, e não fazer como algumas pessoas fazem, criar ou querer criar falsos bandidos bons ou bandidos comunitários." Ele disse que na gestão Rosinha Matheus já foram apreendidas 43 mil armas e feitas 59 mil prisões - incluindo as de 76 líderes do tráfico. Segundo Itagiba, o uso de drogas "alimenta esse processo de violência que, em primeiro lugar, vitima o usuário e, em segundo, toda a sociedade."

REPERCUSSÃO

O presidente da seção do Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Octávio Gomes, criticou a "falta de inteligência" da secretaria. "Quando um traficante é morto, tem que pensar no desdobramento. A polícia não pensa, e inocentes pagam com a própria vida." Para ele, o policiamento deveria ter sido reforçado. "A força policial é muito maior do que a bandidagem, mas tem que ser empregada com estratégia."

O presidente da ONG Viva Rio, Rubem César Fernandes, pediu punição exemplar aos criminosos. "Tivemos vários ataques com bombas em prédios públicos, mas vazios. Desta vez, passaram dos limites."