Título: Maior e mais lento TJ do País elege hoje novo presidente
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2005, Nacional, p. A8

Quatro desembargadores disputam quem vai ficar, pelos próximos dois anos, na presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo. São eles: José Mário Cardinale, corregedor-geral de Justiça; Celso Limongi, presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis); Mohamed Amaro, vice-presidente do TJ; e Ruy Pereira Camilo, o terceiro-vice-presidente. A disputa é por um dos mais problemáticos cargos do Judiciário. O Tribunal de Justiça de São Paulo é o maior do País, o mais lento e o mais atrasado tecnologicamente. São cerca de 14 milhões de processos em andamento na primeira instância e 360 mil novos recursos por ano na segunda instância.

COLÉGIO RENOVADO

A eleição deste ano tem duas diferenças importantes em relação às anteriores: o número de candidatos e o perfil dos eleitores. Tradicionalmente, só havia dois candidatos à presidência do TJ e era quase automática a eleição do mais velho. Além disso, o número de votantes deu enorme salto de 132 para 360.

Isso ocorreu por causa da reforma do Judiciário, que transformou em desembargadores os juízes dos extintos Tribunais de Alçada. O colégio eleitoral é mais jovem e, supostamente, menos conservador.

Com as novidades, é difícil falar em favorito. Camilo é o mais próximo do atual presidente, o conservador Luiz Elias Tâmbara. Limongi, Amaro e Cardinale são mais modernos. A votação será em urnas eletrônicas e o resultado deve sair hoje.

DIÁLOGO

"As propostas dos quatro são muito semelhantes. Tivemos bom diálogo com todos", disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) paulista, Luiz Flávio Borges D'Urso, que promoveu debates com os candidatos.

"Tive experiência administrativa na presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e na Corregedoria-Geral de Justiça, além de 42 anos de magistratura. Acho que posso contribuir para tornar a Justiça de São Paulo mais ágil para o cidadão", argumentou Cardinale.

"Acho que uma boa gestão no TJ depende de criatividade e ousadia. Estou disposto a fazer isso. É preciso modernizar. Gostaria de ajudar a sociedade a ter uma Justiça mais rápida, capaz e, com o perdão do pleonasmo, mais justa", expôs Limongi.

Camilo e Amaro foram procurados pelo Estado, mas não quiseram se pronunciar.