Título: O que diz o relatório
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2005, Nacional, p. A9

VIOLÊNCIA NO CAMPO - O documento registra 28 mortes até o fim de agosto (foram 27 em 2004).

POVOS INDÍGENAS - Foram 44 mortes de crianças até 3 anos, sempre por desnutrição; 33 assassinatos, dos quais 23 em Mato Grosso do Sul; índice alto de suicídio entre jovens 12 a 18 anos.

TRABALHO ESCRAVO - Libertadas 3.285 pessoas em 2005, fiscalizadas 119 fazendas e pagos R$ 6,25 milhões em indenizações (de 1995 a 2005 foram libertados 16.500 trabalhadores escravos).

MIGRANTES ILEGAIS - Há 40% de migrantes latino-americanos em situação irregular, num universo de "centenas de milhares". Bolivianos, paraguaios e peruanos, principalmente, formam "um exército de mão-de-obra barata e abundante". Eles "acabam como trabalhadores escravos em oficinas de costura de São Paulo, em bairros como Brás, Bom Retiro e Pari".

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - "A cada 15 segundos uma brasileira é impedida de sair de casa, outra é forçada a ter relações sexuais contra sua vontade. A cada 9 segundos outra é ofendida em sua conduta sexual ou por seu desempenho no trabalho doméstico ou remunerado".

TRABALHO RURAL - A situação é crítica nas áreas de plantio de cana-de-açúcar. Há usinas que "retiram a cesta básica, caso a média de produtividade seja inferior a 10 toneladas de cana cortada por dia".

AMAZÔNIA - "Não se nega que o governo Lula herdou uma dinâmica destrutiva da ocupação da Amazônia brasileira (...)", mas ele "tratou de fazer frutificar a herança". Gabriel Manzano Filho Na contramão dos alegres discursos presidenciais sobre como o Brasil está melhor, de uns tempos para cá, um grupo de 26 entidades civis apresentou ontem, em São Paulo, o relatório "Direitos Humanos no Brasil - 2005". São 260 páginas desoladoras, onde despontam, entre as principais denúncias, um total de 50 mil mortos na violência urbana (eram 40 mil no relatório anterior), um déficit de 7 milhões de moradias (eram 6 milhões em 2004), uma mulher brasileira espancada ou forçada a relações sexuais a cada 15 segundos, trabalhadores em canaviais perdendo a cesta básica se não produzirem 10 toneladas de cana por dia e crianças indígenas morrendo de subnutrição porque as terras de lavoura das tribos são continuamente invadidas por madeireiros.