Título: Pastore: fim do ano garante 2,5%
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

A retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre deve ser ancorada principalmente pela indústria e, em parte, pelo agronegócio. É o que afirma o economista e ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore. Segundo ele, 2005 foi um ano extremamente favorável para a economia brasileira, porém deve se encerrar com um crescimento do PIB ao redor de 2,5%. Em 2006, deverá ser observada uma retomada econômica que desembocará numa alta de 3,5%. "A recuperação vem em parte da agricultura, que no quarto trimestre tem um desempenho melhor do que no terceiro", disse o economista, ressaltando que o "grosso desse melhor desempenho do quarto trimestre vem mesmo da indústria".

Pastore acrescentou que para o PIB crescer 2,5% este ano será necessária uma alta anualizada de 9,5% no último trimestre, fato que, segundo ele, não é visto desde 1999. O economista disse ainda que esse crescimento será maior do que o "festejado dado" do segundo trimestre, mas não tem dúvidas de que pode ocorrer.

A contínua valorização do real e a desaceleração econômica já notada devem levar o Banco Central a uma maior flexibilização da política monetária, avalia o ex-presidente do Banco Central.

"Ainda que ele (BC) resista, os fatos vão dobrar a visão do Banco Central e exigir uma redução mais acelerada (da Selic) e, conseqüentemente, vão produzir um crescimento econômico", afirmou Pastore, que projeta uma taxa de juros abaixo de 15% em dezembro de 2006.

Para o economista, não há dúvida de que o País passa por um processo de desindustrialização. Porém, segundo ele, o Banco Central tem optado por uma maior cautela nos cortes de juros para preservar sua credibilidade. "Por causa das circunstâncias políticas, ele tem resistido a ser mais flexível."

"Com a perspectiva de continuidade do ciclo externo de crescimento, mais a queda da taxa de juros, esse ciclo de desaceleração econômica se encerra e voltamos a ter algum crescimento em 2006", disse Pastore, acrescentando que "a inflação vai para a meta (em 2006) e a taxa de juros cai mais depressa do que supõe o mercado".