Título: Ministério da Agricultura confirma caso de aftosa em fazenda do Paraná
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2005, Economia & Negócios, p. B11

O Ministério da Agricultura confirmou ontem um foco de febre aftosa no rebanho do Paraná, depois de mais de um mês de suspense. Ainda ontem, o governo brasileiro comunicou à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e aos países importadores a existência da doença. A propriedade onde foi descoberta a doença fica em São Sebastião da Amoreira, no Noroeste do Estado. A fazenda recebeu 200 animais de Eldorado, em Mato Grosso do Sul, primeiro município a ter um foco de aftosa este ano. Agora, sobe para 29 o número de casos da doença no País. "Dos 200 animais que vieram de Eldorado, 22% foram reagentes ao teste", disse o chefe do Departamento de Sanidade Animal do ministério, Jamil Gomes de Souza.

Os testes que detectaram a aftosa foram feitos pelo Laboratório de Referência Animal (Lara) do Rio Grande do Sul. "Encontramos novos sinais clínicos e a sorologia é positiva. Reconhecemos esta situação e continuamos investigando", disse o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel. Desde 21 de outubro, o ministério investiga a possibilidade de ocorrência da doença em cinco municípios do Paraná: Grandes Rios, Amaporã, Maringá, Loanda e Bela Vista do Paraíso.

Para conter a doença em São Sebastião da Amoreira, uma área de dez quilômetros a partir da fazenda onde foi descoberto o foco está interditada. Por medida de precaução, outros municípios do Paraná onde há suspeita da doença também continuarão interditados, ou seja, proibidos de comercializar animais vivos, carnes e leite. O rebanho total do Paraná é estimado em 10 milhões de cabeças.

Para o secretário Maciel, a estratégia para o sacrifício dos animais doentes e daqueles que podem ter tido contato será definida pelo governo do Estado. Sem o sacrifício dos animais, a liberação para exportação pode demorar até 18 meses. Com o sacrifício, a retomada do comércio exterior pode acontecer em seis meses. "Os Estados têm suas legislações", disse Maciel, lembrando que Mato Grosso do Sul optou por matar o gado.

Sobre a posição dos compradores de carne em relação à aftosa no Paraná, o secretário disse que não espera impacto econômico para as exportações. Isso porque os 52 países que limitaram as compras de carne do Brasil depois dos focos de Mato Grosso do Sul também restringiram as compras do Paraná.

Ele negou que o ministério tivesse pedido ao Paraná que assumisse o registro da doença. Ele não quis comentar a posição do governo do Paraná, que ameaça ir à Justiça contra o ministério. "Eu respeito a posição de cada Estado", disse, evitando polêmica. Maciel acrescentou que a Medida Provisória 265 prevê R$ 10 milhões para indenizações no Paraná e outros R$ 10 milhões para Mato Grosso do Sul.