Título: Juro futuro cai com o PIB fraco
Autor: Lucinda Pinto, Mario Rocha, Silvana Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B17

Investidor acredita que o próximo corte da Selic poderá superar o 0,50 ponto porcentual esperado

O PIB negativo acabou ajudando indiretamente os mercados. Os contratos de juros futuros, por exemplo, passaram a projetar um corte da taxa Selic de até 0,75 ponto porcentual, pois ficou a impressão de que o Banco Central "errou a mão" no juro básico, e agora terá de fazer uma redução maior do que a prevista. Pelo mesmo motivo, o Ibovespa fechou em alta de 0,84%. O dólar subiu 0,73%, para R$ 2,205, o paralelo avançou 0,95%, para R$ 2,45, o risco país caiu 2,01%, para 341 pontos, e o A-Bond perdeu 0,25%, vendido com ágio de 4,90%. O contrato mais curto, de janeiro de 2006, projetou taxa de 18,10% ao ano, ante 18,15% na véspera, e o de janeiro de 2007 recuou de 16,90% para 16,71%. Operadores acreditam que a aposta em corte de 0,75 ponto na próxima reunião do Copom tem chance de se tornar o piso das expectativas. Para alguns analistas, pode ocorrer uma redução de até mesmo um ponto porcentual.

Na Bovespa, o giro financeiro melhorou, chegando a R$ 2,230 bilhões. A queda do PIB foi ruim para a economia, mas a Bolsa já olha para o quarto trimestre, e espera uma recuperação do crescimento, apostando em juros mais baixos.

Os investidores em ações acreditam que a economia vai se recuperar no quarto trimestre e deverá se manter em crescimento em 2006. Os juros tendem a cair e os indicadores macroeconômicos manterão a atratividade do País para o investimento estrangeiro, que mantém um ambiente de alta liquidez. "Há um limite para a venda de papéis na Bolsa. Abaixo dele, o mercado teme ficar com um 'mico' na mão, porque a expectativa é positiva", comentou um operador.

As maiores altas foram de Sadia PN (4,64%), Cemig ON (4,44%) e Eletrobrás PNB (3,31%). As maiores quedas foram de BRT Par ON (3,24%), BB ON (2,71%) e Klabin PN (2,27%).

O comercial operou em alta o dia todo, após acumular queda de 2,36% nos últimos 3 dias úteis. A reversão foi influenciada pela briga entre "comprados" e "vendidos" no mercado futuro visando à formação taxa média do dólar (ptax). Mas, a confirmação, pelo BC, de que continuará operando com derivativos através de leilões de swap reverso para fazer proteção da dívida externa também provocou ajustes de posições, que sustentaram os preços.