Título: Tevez é citado como exemplo de integração
Autor: Ariel Palacios, Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B15

Para Lula, não se poderia imaginar um jogador argentino entusiasmar brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o jogador argentino Carlos Tevez como um grande exemplo da integração Brasil-Argentina dos últimos tempos. Ex-jogador do Boca Juniors, hoje ele atua no Corinthians paulista. Até há pouco tempo, disse Lula, seria "inimaginável" um argentino entusiasmar torcedores de um time brasileiro. "De repente, o Corinthians contrata jogadores argentinos, entre eles Tevez. Ele, obviamente, não é estilo Maradona, nem Ronaldinho, mas o povo não quer estilo, quer muita garra." Dirigindo-se ao presidente argentino, Néstor Kirchner, prometeu que, "se o Corinthians for campeão, vou presentear você com uma camisa do time, se for possível, com a camisa 10, se o Tevez não te der antes do que eu. Porque aquilo que parecia impossível hoje virou uma coisa normal, ou seja, os brasileiros vendo nos jogadores argentinos um irmão, um parceiro."

GAFES

Lula declarou que, "por mais largo e profundo que seja o Rio da Prata, depois das vontades dos dois presidentes, em 1985, ficou pequeno pelas braçadas dos brasileiros e argentinos na vontade de conquistar uma integração maior, mais sólida e muito mais vigorosa".

Lula errou ao considerar o Rio da Prata como fronteira entre os dois países. O rio, na verdade, foi o limite entre Brasil-Colônia e o Vice-Reinado do Rio da Prata. Desde 1828, entre o Brasil e a Argentina, está o Uruguai. Outro erro foi falar que o rio é "muito profundo". Embora largo, 200km em sua foz, o Prata é extremamente raso, com profundidade média de 10 metros (a profundidade do Rio Amazonas varia de 15 a 50 metros).

BOLÍVIA

Entusiasmado, Lula falou dos novos governos progressistas que surgiram na região nos últimos anos, citando o presidente chileno Ricardo Lagos, o uruguaio Tabaré Vázquez e o venezuelano Hugo Chávez. Na seqüência, enfático, comentou: "Imaginem que fato extraordinário seria uma eleição do Evo Morales (candidato do Movimento ao Socialismo, que liderou as revoltas sociais de maio passado) na Bolívia!" Foi a primeira declaração oficial de respaldo a Morales, candidato visto com reticências pelos Estados Unidos, pelas empresas petrolíferas internacionais e organismos financeiros internacionais.