Título: PIB cai 1,2% e compromete o ano
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

Pressionado pelas altíssimas taxas de juros reais e pelo abalo na confiança provocado pela crise política, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre de 2005 caiu 1,2% ante o anterior. Foi o segundo pior desempenho do governo Lula nesse indicador, que desconta as variações sazonais.

O mau resultado, a primeira queda após oito trimestres de crescimento, só não foi pior que o recuo de 1,3% no primeiro trimestre de 2003, na esteira da crise financeira de 2002.

Com a divulgação do PIB do terceiro trimestre ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as projeções para o crescimento em 2005 caíram para próximo de 2,5%, ou mesmo abaixo, como no caso do Unibanco e Itaú.

O resultado trimestral foi bem pior que as expectativas de mercado, que já eram muito ruins, variando entre queda de 0,5% e alta de 0,2% ante o trimestre anterior. Em termos anualizados - a forma como os Estados Unidos e vários outros países divulgam as contas trimestrais -, o PIB brasileiro do terceiro trimestre caiu 4,9%.

Na comparação com o mesmo período de 2004, o PIB no terceiro trimestre cresceu 1%, também abaixo das piso das projeções, que variavam entre 1,5% e 2,5%. O PIB acumulado em quatro meses, que vinha caindo lentamente desde o quarto trimestre de 2004, quando atingiu 4,9%, despencou de 4,4% no segundo trimestre de 2005 para 3,1% no terceiro. No ano, até setembro, o PIB cresceu 2,6%.

A queda do PIB no terceiro trimestre foi puxada principalmente pela indústria e pela agropecuária, que recuaram respectivamente 1,2% e 3,4%, na comparação com o trimestre anterior. O setor de serviços não cresceu nem recuou.

Na indústria, comparando-se o terceiro trimestre e o mesmo período de 2004, o mau resultado foi puxado pela construção civil, que caiu 1,9%, e pela indústria de transformação, com 0,9%, a pior taxa desde o primeiro trimestre de 2002, quando o recuo foi de 1,6%.

Na indústria, o pior desempenho foi da siderurgia, da petroquímica, do vestuário e dos calçados. O melhor foi da extração mineral (petróleo, gás e minério de ferro), que cresceu 10,3%.