Título: Para Lula, retração não compromete a inclusão social
Autor: Leonêncio Nossa, Beatriz Abreu
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

Governo poderá revisar estimativa de PIB, diz Bernardo - Curitiba, 30 - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu há pouco que o governo poderá ter que rever sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, atualmente de 3,4%, em consequência da queda de 1,2% ocorrida no terceiro trimestre. "Possivelmente, teremos que fazer uma reavaliação", disse, ressaltando, porém, que foi o primeiro desempenho negativo, depois de oito trimestres seguidos de crescimento. Ele disse que a crise política que atingiu o governo Lula contribuiu para esse resultado, mas ponderou que os dados preliminares do Ministério apontam para uma recuperação "bem significativa" da atividade econômica no atual trimestre. Para Bernardo, a queda foi concentrada no lado da oferta, porque a demanda continuou aumentando. "Houve aumento do consumo e do crédito ofertado no mercado", comentou, reconhecendo, porém, que a alta taxa de juros e "talvez uma acomodação das empresas com estoques elevados, além do efeito da crise e disputa política" podem ter sido causadas determinantes para o decréscimo da PIB.

Questionado se a disputa entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, poderia se acirrar diante do desempenho negativo da economia, Bernardo comentou: "O pessoal já estava criticando enquanto estava crescendo, será que vai criticar mais ?" Diante da insistência dos repórteres em saber se o desempenho do PIB não representaria mais munição para a ministra Dilma criticar a atual política econômica, ele indagou: "Mais munição ainda ?" No entanto, ele observou que Dilma sempre defendeu a política econômica do governo. "A briga dela é em relação à execução orçamentária e ao tamanho do superávit, mas ele nunca foi contra a política econômica em curso", sustentou.

Bernardo deu essas declarações na Estação Embratel Convention Center, em Curitiba, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a abertura do "Fórum Futuro 10 Paraná" (Ana Paula Scinocca, enviada especial)

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RIBAMAR OLIVEIRA.

BRASÍLIA.

Diante da retração da economia no terceiro trimestre deste ano, apontada ontem pelo IBGE, o minitro do Planejamento, Paulo Bernardo, defendeu uma redução mais rápida dos juros pelo Banco Central daqui para a frente. "Acho que os juros poderiam ser cortados com um pouco mais de velocidade", afirmou em entrevista ao Estado.

Bernardo admitiu que a queda da economia no terceiro trimestre, em relação ao segundo, foi mais forte do que a área econômica previa. "Foi pior do que a gente imaginava", disse. Segundo ele, o governo trabalhava com a expectativa de uma leve retração. A queda de 1,2% apontada pelo IBGE também surpreendeu os analistas do mercado, que apostavam numa redução de no máximo 0,5%.

O ministro do Planejamento conversou ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e procurou mostrar que nem todos os dados divulgados pelo IBGE foram ruins, como foi o caso do consumo das famílias que não caiu. "A massa salarial nos primeiros nove meses deste ano cresceu 4,2%", disse Bernardo. "A informação que temos é que esse crescimento já superou 5% até novembro".

Os dados da economia relativos a novembro são muito bons, segundo Bernardo. Ele acredita que o desempenho da economia será fortalecido pela redução dos juros já iniciada pelo Banco Central. "É evidente que há essa questão dos juros, mas acho que dá para diminuir a taxa mais rápido", afirmou.

Com os juros em trajetória de queda e o consumo fortalecido pelo crédito consignado e pelo aumento da massa salarial, o ministro do Planejamento acredita que será possível que a economia ingresse em 2006 em ritmo forte. "Os dados que estamos recebendo mostram que teremos uma recuperação notável no quarto trimestre deste ano", assegurou.