Título: Consultorias refazem as contas e já esperam crescimento abaixo de 3%
Autor: Leonêncio Nossa, Beatriz Abreu
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

Crise política e juros elevados minaram a confiança dos empresários e derrubaram a oferta da indústria e do setor agropecuário

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reforçar hoje no seu pronuciamento no Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, que a queda de 1,2% do PIB no terceiro trimestre não contaminou o projeto do governo de inclusão social. A mensagem será que A mensagem será a de que a queda não é um indicativo de que a retomada do crescimento está em risco. Lula vai lembrar que a retração na produção de bens é sazonal e chamará atenção para o dado do IBGE, segundo o qual o consumo das famílias está aumentando. "Essa queda do PIB não significa que não esteja havendo crescimento com inclusão social", destaca um trecho do pronunciamento que começou a ser elaborado na tarde de ontem por assessores.

Ontem, a assessoria do Planalto trabalhava no detalhamento de indicadores que apontam para a possibilidade de uma retomada da atividade econômica no quarto trimestre. Economistas do governo consideram que, apesar "da forte queda" do PIB há condições de as empresas retomarem rapidamente a produção.

Será necessário uma resposta rápida do setor produtivo, à medida que o próprio IBGE estimou que só um crescimento de 4,3% no quarto trimestre poderá garantir que a economia cresça 3% no ano. O governo trabalha, pelo menos até agora, com a projeção de alta de 3,4% do PIB. "O consumo das famílias está crescendo, a renda no varejo também está aumentando. Portanto, a economia está crescendo", defende um assessor.

A retração do PIB foi provocada, na avaliação desses assessores, por um conjunto de fatores sazonais, que não devem se repetir. Por exemplo, a queda na produção do setor agropecuário, já esperada. Além disso, os assessores contestam a tese de que o aumento do consumo poderá pressionar ainda mais a inflação (um consumo forte para uma oferta menor de bens significa mais inflação). "Só teria o risco de mais inflação caso não houvesse capacidade de reação da indústria. E essa capacidade existe."