Título: Para Chávez, EUA sabotam eleição
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Internacional, p. A23

Presidente venezuelano diz que o boicote da oposição à votação de domingo é parte de plano americano para desestabilizar país

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse ontem que a saída dos partidos de oposição das eleições legislativas de domingo é um novo plano do governo americano para desestabilizar a Venezuela. Chávez também acusou a oposição de tentar sabotar as eleições, mas afirmou que ela não conseguirá. Segundo Chávez, a oposição deveria aceitar a verdade de que não tem apoio da população. Ao inaugurar o Encontro Ibero-americano de Cooperativas em Caracas, ele advertiu que "o novo plano dos imperialistas e seus lacaios apenas começou" e tem como objetivo ofuscar não somente as eleições legislativas de domingo, mas também as presidenciais de 2006 - nas quais Chávez concorrerá à reeleição. O presidente pediu aos venezuelanos que respondam com dignidade à desistência da oposição e compareçam às urnas.

"Não fiquei surpreso com a decisão da Ação Democrática de sair da disputa dias antes do processo. Retiram-se e vociferam que uma fraude está sendo preparada, outra vez. Aceitem a verdade: vocês não têm o apoio do povo", disse Chávez.

Três partidos de oposição - Ação Democrática, Copei e Projeto Venezuela - anunciaram terça-feira a retirada de seus candidatos alegando desconfiança sobre o sistema automatizado de votação. Segundo eles, as máquinas de votação poderiam ser violadas para adulteração do resultado eleitoral. A contagem de votos também será feita de forma automática.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral decidiu suspender o uso das máquinas que capturam as digitais dos eleitores, atendendo a queixa da oposição de que elas não garantiam o segredo da votação.

"Esses partidos fizeram aqui o que lhes deu vontade, saquearam o país, entregaram-no ao imperialismo e afundaram a Venezuela no mais espantoso dos abismos", declarou Chávez.

Cerca de 14,5 milhões de venezuelanos estão habilitados a escolher os 167 deputados da Assembléia Nacional para o período 2006-2010, assim como os 12 representantes no Parlamento Latino-americano.