Título: 'Idéia de candidatura me entusiasma', diz Alckmin
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Nacional, p. A20

Governador afirma que vê política com alegria, não como fardo

AJUSTE FISCAL: Promover a redução da carga tributária para gerar investimentos e a redução da taxa de juros CHOQUE DE GESTÃO: Promover uma ampla reforma de Estado, cortar gastos públicos e melhorar a qualidade dos investimentos INVESTIMENTOS: Ampliar os investimentos em setores considerados estratégicos, como segurança, saúde, educação, infra-estrutura e logística PRIORIDADES Ricardo Brandt O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que está entusiasmado para a disputa à Presidência, mas ressaltou que a decisão não é dele e sim do partido. "Eu tenho entusiasmo. Se tiver essa oportunidade, manga arregaçada no primeiro dia, trabalhando para mudar um a série de questões que precisam ser mudadas", afirmou Alckmin, após almoço em São Paulo com um grupo de grandes empresários.

Apresentado como candidato pelos empresários e eleito com 90% dos votos entre os 387 presentes - numa enquete feita durante o almoço -, Alckmin falou como pré-candidato, mas com cautela. "Candidatura só no ano que vem. Não é decisão pessoal, é decisão coletiva", disse.

No discurso, o governador falou duas vezes em entusiasmo. "É uma coisa para ser decidida no ano que vem (candidatura). Mas eu quero dizer com muita sinceridade que eu tenho entusiasmo. Eu vejo política com alegria, não como fardo", afirmou.

Questionado se o entusiasmo era em relação à candidatura a presidente, ele respondeu: "Mas é óbvio. Imagine alguém que não tem entusiasmo, como será candidato?"

'GASTANÇA'

Alckmin também defendeu mudanças nas políticas adotadas pelo governo Lula. "Temos de cortar gastos, investir em segurança, saúde e educação, pois um governo ético não é apenas aquele que não rouba e não deixa roubar, mas o que não deixa também o dinheiro escorrer pelo ralo", disse o governador paulista.

Alckmin destacou, diversas vezes, a necessidade de revisão da atual carga tributária e uma política mais eficiente de investimentos públicos.

"Não tem mágica, não tem bravata. Nós temos alguns gargalos que temos de enfrentar e resolver", frisou. "Temos problemas com a carga tributária muito elevada, com o custo dos juros, o problema do câmbio, os problemas de infra-estrutura e de logística", enunciou.

Para o governador, a melhor solução é um choque de gestão e maior coerência no uso do dinheiro público. Ele aproveitou para criticar a perspectiva do governo Lula de crescimento nos investimentos no início de 2006. "Estou até preocupado. Como não conseguiram investir, vão fazer uma gastança de fim de festa."