Título: Furlan aposta em crescimento da exportação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que, mesmo com a persistente queda do dólar e o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, as exportações brasileiras continuarão crescendo em 2006. Furlan não soube, no entanto, precisar o tamanho deste crescimento.

Segundo ele, as exportações brasileiras vêm crescendo na ordem de 20% ao ano. Se esse ritmo for mantido em 2006, as vendas externas do Brasil podem atingir US$ 140 bilhões. Entretanto, o ministro preferiu manter uma previsão ''moderada'' de exportar US$ 120 bilhões no próximo ano.

Furlan afirmou que a desvalorização do dólar não afetará o resultado das exportações brasileiras em 2005. Ele admitiu, no entanto, que a apreciação da moeda americana pode incentivar as vendas do Brasil para o exterior.

- Se o câmbio melhorar, haverá uma possibilidade de crescimento maior, pois alguns setores estão constrangidos - disse.

Furlan não quis comentar as decisões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), acusado pelo empresariado nacional de ser responsável pela queda de 1,2% do PIB do terceiro trimestre por conta da política de manutenção dos juros básicos da economia, atualmente em 18,5% ao ano.

- Não entendo de Copom. Tem muita gente no governo que cuida disso - desconversou o ministro.

Furlan afirmou que presidente Luiz Inácio Lula da Silva ''está consciente das limitações'' que o país tem hoje. Segundo ele, o presidente marcou uma reunião ministerial para o próximo dia 19, quando todas as pastas deverão apresentar suas prioridades para 2006.

Apesar do ''constrangimento'' de alguns setores, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 671 milhões na primeira semana de dezembro, que teve apenas dois dias úteis. Entre os dias 1 e 4, as exportações somaram US$ 1,290 bilhão e as importações, US$ 619 milhões.

Com o resultado da primeira semana de dezembro, o saldo comercial no ano subiu para US$ 41,104 bilhões, crescimento de 35,4% sobre o registrado em igual período do ano passado (US$ 30,366 bilhões). Além disso, o valor acumulado em 2005 já supera o registrado em todo o ano passado, que foi de US$ 33,664 bilhões. De janeiro até a semana passada, o país exportou US$ 108,702 bilhões.

A esperança por um dólar mais forte não se concretizou ontem. O dólar comercial caiu 0,58%, cotado a R$ 2,196, a despeito da atuação do Banco Central, que vendeu US$ 565 milhões em 11,3 mil contratos em leilão de swap cambial reverso, operação que tem o efeito de uma compra de dólares no mercado futuro.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) interrompeu ontem uma seqüência de quatro altas consecutivas ao fechar em queda de 0,40%, aos 32.701 pontos, puxada por um movimento de realização de lucros.

Segundo analistas, após uma valorização de 4,7% em quatro pregões, é normal que alguns investidores embolsem ganhos.

Dados divulgados ontem pela Bovespa apontam que os investidores estrangeiros colocaram R$ 328,412 milhões no mercado acionário paulista em novembro, resultado de compras de ações no valor de R$ 12,207 bilhões e de vendas de R$ 11,879 bilhões, contra retiradas de R$ 59 milhões no mês anterior.

Com agências