Título: Sessão com muita vaia e pressa de votar e ir embora
Autor: João Domingos, Cida Fontes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Nacional, p. A4

De olho no relógio, alguns deputados não toleravam nem discursos contra Dirceu

Muito antes do fim dos discursos a favor e contrários à cassação do mandato do deputado José Dirceu (PT-SP), parlamentares de todos os partidos já se amontoavam diante das cabines de votação, tal era a pressa que tinham de ir embora. A razão de tamanha correria era o fato de que, principalmente os das Regiões Norte e do Nordeste, costumam pegar vôos que saem de Brasília às 22 horas. Entre os que se espremiam nas filas estavam os deputados João Castelo (PSDB-MA), Ney Lopes (PFL-RN), Nice Lobão (PFL-MA), José Linhares (PPCE) e Vic Pires Franco (PFLPA). Com outro grupo de apressados, eles vaiavam todos os que se inscreviam para falar, porque lhes tomaram o tempo.

Quando os relógios do plenário avançaram para as 22 horas, os parlamentares entraram em desespero. 'Uuuuu, uuuuu', gritavam para os deputados João Fontes (PDT-SE), Luciana Genro (PSOL-RS) e João Batista Araújo, o Babá (PSOL-PA), que insistiam em manter as inscrições para atacar o deputado José Dirceu.

Não estavam a favor do exministro. Queriam que os discursos acabassem logo. Os três parlamentares, no entanto, atribuem sua expulsão do PT a José Dirceu e onde o ex-ministro vai eles vão atrás. Não abriram mão de discursar.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), aproveitou o tempo para fazer um discurso em que não foi a favor nem contrário a Dirceu.

Sua fixação era defender o Conselho, que havia sido duramente criticado pelo ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal (STF), horas antes durante julgamento do pedido de liminar feito pelo deputado reclamando direito amplo de defesa.

'O Conselho não tem como convocar testemunhas. Ele trabalha com tempo definido', esclareceu Izar para um plenário que não estava nem um pouco preocupado com seus esclarecimentos sobre o Conselho ou mesmo com as críticas de Sepúlveda.?