Título: Jaques Wagner nem foi à Câmara
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2005, Nacional, p. A5

O ministro, decisivo na vitória de Aldo, desta vez limitou-se a telefonar para desejar 'boa sorte' ao companheiro de partido

O Palácio do Planalto abandonou José Dirceu. A ausência dos ministros do governo Lula foi classificada pelo comando de apoio ao deputado como sendo a principal diferença entre a votação que levou Aldo Rebelo à presidência da Câmara e a votação de ontem no plenário. Para fazer Aldo vitorioso, os ministros trabalharam duro e no dia da votação cinco deles estava nos corredores do Congresso convencendo deputados indecisos. O coordenador político do Planalto, ministro Jaques Wagner, da Secretaria de Assuntos Institucionais, que teve papel decisivo na vitória de Aldo, sequer apareceu no Congresso. Limitou-se a telefonar para o exchefe da Casa Civil por volta das 18h30 para desejar 'boa sorte'.

O maior empenho veio de onde Dirceu menos esperava. Foi o vice-presidente José Alencar o único a realmente arregaçar as mangas para trabalhar com entusiasmo em defesa do mandato de Dirceu. Deu telefonemas, falou com deputados durante a votação. Se manteve em permanente atividade, como o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia.

O apoio de Wagner e de boa parte dos ministros, ao contrário, foi protocolar. Ao receber telefonemas do núcleo da campanha contra a degola de Dirceu, eles prometiam empenho no sentido de convencer parlamentares, mas, na prática, fizeram apenas um trabalho burocrático. 'Eles não estavam trabalhando com a mesma vontade trabalharam para o Aldo', confirmou um aliado de Dirceu. A queixa é a de que Lula não se empenhou.

Ele teria criado dificuldades, já que para o governo a retirada de Dirceu poderia representar a redução na temperatura da crise. Durante o calvário do deputado, Lula apelou para que ele renunciasse, embora sem êxito. Depois, articulou para que os outros deputados petistas ameaçados de cassação entregassem os mandatos. Não conseguiu.

O comando da campanha diz ainda que sempre que precisou dos votos dos ministros de Lula no STF, Dirceu encontrou dificuldades. Foi socorrido pelo amigo Nelson Jobim, indicado no governo FHC, o que deu mais tempo a Dirceu.